Partido foi o maior beneficiado por essas empresas, que doaram R$ 240,5 milhões para campanhas no 1º turno das eleições deste ano
Empresas responsáveis por obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) consideradas irregulares pelo Tribunal
de Contas da União (TCU) doaram R$ 240,5 milhões para campanhas
políticas ao longo do primeiro turno das eleições deste ano. O partido
mais beneficiado pelas contribuições dessas empreiteiras foi o PT, cujas
campanhas receberam R$ 70,5 milhões. Somente a direção nacional da
legenda foi agraciada com R$ 18,7 milhões.
Com base em processos disponíveis no site do TCU, o Estado
identificou empresas responsáveis ou integrantes de consórcios de 9 das
18 obras do PAC que apresentaram irregularidades graves e que,
portanto, terão de ser paralisadas. Entram nesse grupo a Camargo Corrêa,
integrante do consórcio contratado para realizar melhoramentos no
Aeroporto de Vitória (ES). Foi a empreiteira que mais doou no primeiro
turno: R$ 91,7 milhões.
Em seguida, vem a Construtora Queiroz Galvão. A empresa é responsável
pela construção do Canal do Sertão, em Alagoas, da Adutora Pirapama, em
Pernambuco, e faz parte do pool de empreiteiras que deveria reformar e
ampliar o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A
construtora contribuiu com R$ 58,2 milhões.
Ainda integram o grupo as construtoras OAS (R$ 41,2 milhões), Egesa
(12,3 milhões), Mendes Júnior (R$ 12,2 milhões), Constran (R$ 3,8
milhões), EIT - Empresa Industrial Técnica (R$ 9,7 milhões), Serveng (R$
9,3 milhões) e Odebrecht (R$ 2,1 milhões). Todos esses montantes
deverão ainda ser reajustados.
O prazo para a prestação de contas dos candidatos que participaram do
segundo turno - inclusive da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e
do candidato derrotado José Serra (PSDB) - termina no próximo dia 30.
Depois do PT, a legenda que mais recebeu recursos das empreiteiras
das obras irregulares do PAC foi o PMDB, com R$ 38,4 milhões. Logo atrás
aparece o PSDB, com R$ 38,1 milhões. O crescimento do PSB nas urnas se
refletiu nas doações às campanhas do partido. Os socialistas, que passam
a governar seis Estados a partir do dia 1.º de janeiro, ficaram em
quarto lugar, com R$ 25,3 milhões - superando até o DEM, que recebeu R$
16,5 milhões.
O PV, da candidata derrotada à Presidência, Marina Silva, aparece
apenas na nona posição, com R$ 4,2 milhões em doações. A campanha dela
recebeu duas contribuições diretas por parte da Camargo Corrêa,
totalizando R$ 1 milhão.
No ranking das doações individuais, os oito beneficiários com maior
volume de recursos são integrantes do PT ou de partidos aliados. O líder
é Aloizio Mercadante, candidato petista derrotado ao governo de São
Paulo, que recebeu R$ 5,5 milhões dessas construtoras. Também derrotado
ao governo do Paraná, Osmar Dias (PDT) vem em segundo, com R$ 5 milhões.
O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), é o terceiro, com
R$ 3,3 milhões.
Os cinco candidatos seguintes são do PT: Fernando Pimentel (R$ 3
milhões), Jaques Wagner (R$ 3 milhões), Marta Suplicy (R$ 2,7 milhões),
Tarso Genro (R$ 2 milhões) e Gleisi Hoffman (R$ 1,8 milhão).
Governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB) é o
primeiro integrante de um partido de oposição a figurar entre os
principais beneficiários das doações das empreiteiras das obras
irregulares do PAC. Ele aparece em nono lugar, com R$ 1,7 milhão. Logo
depois vem outro oposicionista: Beto Richa (PSDB), que se elegeu
governador do Paraná e recebeu R$ 1,5 milhão.
Os tucanos, no entanto, não têm muito do que reclamar. Apesar das
construtoras não terem registrado nenhuma doação para a direção nacional
do partido no primeiro turno, os comitês financeiros e a direção
estadual da legenda em São Paulo - principal área de atuação tucana -
receberam R$ 12,2 milhões.
A relação de 231 obras fiscalizadas pelo TCU foi entregue na
terça-feira aos presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que se
elegeu vice na chapa liderada por Dilma, e do Senado, José Sarney
(PMDB-AP). Além das 18 obras do PAC, foram encontrados indícios graves
em outras 14 iniciativas que contam com recursos federais. A maior parte
das irregularidades encontradas pelas auditorias do TCU refere-se a
sobrepreço e superfaturamento. Também foram identificados problemas como
falhas de projetos e irregularidades ambientais.
Fonte: Alfredo Junqueira - O Estado de S.Paulo
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