A direção do DEM decidiu não reivindicar o mandato do prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab, caso ele decida trocar o partido pelo PMDB.
Ala que já dá como certa a saída do prefeito avalia que um embate na
Justiça Eleitoral por conta de infidelidade partidária só traria mais
desgaste à legenda, já enfraquecida pelas últimas eleições.
O entendimento foi firmado após conversas com advogados do partido.
Segundo juristas, mesmo que o DEM pedisse o mandato de Kassab à Justiça e
ganhasse, a Prefeitura, pela norma atual, acabaria nas mãos de Alda
Marco Antônio, a vice-prefeita, que é do PMDB.
"Não queremos problemas agora. Por isso, é melhor a saída de Kassab com
tranquilidade interna, do que termos que enfrentar novos problemas",
disse Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
"É preciso tomar cuidado e lembrar que em 2006 tínhamos 65 deputados,
agora temos 56 e ano que vem teremos apenas 43", completou o deputado
Felipe Maia (DEM-RN).
O discurso de que a chefia do partido não cobrará na Justiça a fatura
por uma eventual mudança de Kassab para o PDMB é feito em momento
oportuno.
Kassab está em franca campanha pela antecipação de eleições que poderão
derrubar o atual presidente da legenda, deputado federal Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e ganhou apoio no propósito.
Ontem, Maia foi avisado que, no próximo dia 8, haverá reunião da direção
do partido para decidir a data de convenção em que a antecipação das
eleições do DEM será debatida.
Kassab deflagrou negociações com o PMDB após as eleições, com o discurso
de que o partido estava enfraquecido porque atuava a reboque do PSDB e
de que não tinha espaço para crescer no DEM. E condicionou sua
permanência na legenda à troca de comando do partido.
A articulação com peemedebistas deu força a uma corrente que defende a
permanência do prefeito, para não perder seu capital político e o
comando da maior prefeitura do país.
"O partido está aberto para ele, para que se faça uma renovação com a
qual ele se sinta mais confortável", disse o senador Agripino Maia
(DEM-RN), favorável à permanência de Kassab.
Fonte: MARIA CLARA CABRAL e DANIELA LIMA - Folha.com
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