Serra e o Cooperativismo - Artigo de Xico Graziano


O candidato a presidente José Serra deixou claro, pela televisão nacional, seu apreço pelo cooperativismo. No momento se sua entrevista, em 21 de outubro pp, ele se encontrava em visita à COCAMAR, um exemplo de cooperativa vindo de Maringá/PR. No inicio da sua caminhada eleitoral, Serra já havia estado na COPAVEL, em Cascavel, outra gigante do cooperativismo agropecuário. Sua mensagem fora semelhante.

Em nome de José Serra, levei ao 13° Congresso Brasileiro do Cooperativismo, realizado neste setembro, em Brasília, as nossas propostas para o setor. Ex-presidente de cooperativa que sou, mostrei minha própria ligação histórica para avalizar a posição da social democracia em favor da economia solidária construída pelo cooperativismo brasileiro.

A criação e regulamentação dos Bancos Cooperativos e o RECOOP, um programa de refinanciamento que salvou o cooperativismo agropecuário, estão entre as ações concretas que já fizemos, durante o governo de FHC, em prol do sistema cooperativista.

A força produtiva das cooperativas nacionais pode ser percebida pelos números da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), um exemplar sistema que aglutina o segmento. Existem 7.261 cooperativas em funcionamento, distribuídas em 13 setores da economia, aglutinando 8,25 milhões de associados e 274 mil empregados. Tais cooperativas são responsáveis por um faturamento total de R$ 88,5 bilhões (2009). Sua participação no PIB brasileiro chega a 5,39%. É fantástico!

Cabe destacar as cooperativas agropecuárias que formam, hoje, o segmento economicamente mais forte, um modelo que busca unir desenvolvimento econômico e bem-estar social. Geralmente elas cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o preparo da terra até a industrialização e comercialização. O número de cooperativas agrícolas chega a 1,6 mil no país, com 940 mil associados e 140 mil empregados. A participação delas no PIB agropecuário alcança 40%. As exportações oriundas das cooperativas agropecuárias atingiram US$ 3,6 bilhões (2009). Incrível!

O cooperativismo se fortalece no País, mas infelizmente ainda não dispõe de uma lei geral que o regulamente modernamente. Enquanto nada se resolve, continua vigendo a antiga lei do cooperativismo (Lei 5764), aprovada há 39 anos. Ela precisa ser aprimorada.

Após 8 anos de governo Lula, poucos avanços ocorreram na definição do marco legal do cooperativismo. Apenas no crédito se avançou, bem menos do que se poderia. A falta de legislação adequada afeta neste momento, especialmente, o cooperativismo de Trabalho. Existe um Projeto de Lei (PL 4622/04) aguardando votação no Congresso há anos. Se fosse aprovado, o ramo do cooperativismo de Trabalho se beneficiaria fortemente, pois a nova legislação, já negociada politicamente, regulará as relações de trabalho estabelecidas entre as cooperativas, seus sócios e tomadores de serviço. Passa também a reconhecer os direitos sociais previstos na Constituição Federal e estabelecer critérios para que os mesmos sejam observados pelas cooperativas. Paralelamente, o PL contribui para a harmonização de procedimentos do Ministério Público do Trabalho e das ações dos Termos de Ajuste de Conduta que têm prejudicado as cooperativas em questão.

Mas, devido ao relapso governamental, o PL 4622/04 dorme na pauta da Câmara dos Deputados, após já ter sido aprovado no Senado há meses, sem receber do governo prioridade para votação. Em decorrência dessa situação de insegurança jurídica, o Tribunal de Contas/SP exigiu que o governo do Estado suspendesse as licitações para contratar serviços prestados pelas cooperativas de trabalhadores. Surgiu assim o Decreto 55938/2010, assinado a contragosto pelo governador Alberto Goldman.

O erro de todo esse processo reside na falta de regulamentação legal sobre o “ato cooperativo”. Esse é o maior compromisso de José Serra: estabelecer a definição legal que regulamenta o Artigo 171 da Constituição Federal, instituindo a Lei Básica do Cooperativismo. José Serra se compromete a promover uma revisão dos tributos que incidem sobre as cooperativas, estimulando o associativismo como forma de construção de uma economia solidária e justa, capaz de favorecer os pequenos empresários do campo e da cidade. Cooperativismo estimula a união das pessoas e promove a PAZ.

Xico Graziano é coordenador do programa de governo do candidato José Serra

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