Serra e a agricultura familiar - Artigo de Xico Graziano


Em artigo, Xico Graziano destaca as propostas do candidato tucano para fortalecer o PRONAF

Fim da burocracia nos bancos, reestruturação das dívidas agrícolas e taxa “zero” de juros para os empréstimos até o valor de R$ 20 mil. Essas são as propostas de José Serra para fortalecer o PRONAF. Bom para a agricultura familiar. Melhor para o Brasil.
Análises oficiais, utilizando-se dados do Censo do IBGE, indicam existir 4,3 milhões de estabelecimentos rurais familiares no país, representando 83% do número total. Ocupam 24,3% da área produtiva total e respondem por 38% da Renda Bruta (RB) do campo. No emprego, ocupam 74,4% do pessoal. Trabalho farto.
O PRONAF surgiu em 1996, no governo de FHC, com o Decreto 1.946/96, alicerçando a política pública de apoio aos agricultores familiares. Pela primeira vez no Brasil esse segmento produtivo passava a ter tratamento diferenciado na política de crédito rural. Programas municipais de apoio à infraestrutura produtiva também distinguiram os territórios de produção familiar.
O governo Lula manteve o PRONAF, firmando-o como um importante programa de apoio aos pequenos agricultores, incluindo os assentados de reforma agrária. O programa define, basicamente, que é familiar o agricultor que detenha até 4 módulos fiscais de terra (INCRA) e que receba, pelo menos, 70% da sua renda originária da atividade agropecuária.
Em 1996 o PRONAF já havia atendido 332,8 mil contratos, atingindo 953 mil contratos em 2002, com volume de financiamento de R$ 2,4 bilhões. O governo seguinte promoveu contínua evolução do PRONAF, que atingiu, em 2009, cerca de 2 milhões de contratos e um volume liberado de R$ 10,8 bilhões em financiamentos. Neste ano safra 2010/2011 o governo anunciou R$ 16 bilhões para financiamentos nas linhas do PRONAF, sendo R$ 8,5 bilhões para investimento e R$ 7,5 bilhões para custeio.
Vários grupos de agricultores que operam na linha do PRONAF se definem basicamente em função de sua renda bruta anual, que vai até R$ 110 mil. Os juros e demais condições de financiamento variam agora de 1% a 4,5% aa, com bônus de adimplência de até 44% no Grupo A (assentados). Existem ainda linhas para contratos coletivos e integralização de cotas-parte de cooperativas. O limite de crédito chega a R$ 130 mil, com prazo de pagamento dos investimentos no PRONAF Mais Alimentos em até dez anos, com até 3 anos de carência.
Crédito até que tem, mas o acesso aos recursos anda difícil. No ano passado, a demanda efetiva dos contratos oriundos da agricultura familiar foi de 74,8%, quer dizer, sobrou dinheiro nos bancos. A burocracia continua excessiva e, principalmente, a grande maioria dos agricultores se encontra inadimplente, devido à frustração de safras passadas.
Existem hoje, segundo levantamentos da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, 2.141.465 contratos do PRONAF inadimplentes, somando R$ 13,41 bilhões em dívidas. O governo Lula deixou quebrar a agricultura familiar.
Por esse motivo, José Serra propôs uma reestruturação total do endividamento rural, considerando toda a agricultura brasileira, envolvendo pequenos, médios e grandes produtores. A dívida rural total está estimada em R$ 130 bilhões, incluindo os contratos firmados com cooperativas, Fundos Constitucionais e fornecedores privados. Dá quase um PIB rural.
O endividamento rural está escondido atrás do armário. Grande parte dos agricultores brasileiros não está gerando renda suficiente para pagar suas contas e honrar seus compromissos. O próximo governo precisa resolver essa situação. Não dá mais para ficar prorrogando dívidas de um ano para outro, empurrando o grave problema com a barriga. Exige-se uma solução definitiva.
Os agricultores nacionais pagam os mais altos juros do mundo. Isso não pode continuar. No PRONAF, a Proposta Serra decidiu zerar os juros dos empréstimos até o valor de R$ 20 mil. Hoje os juros nessa faixa estão em 3% para custeio e 2% para investimentos. O Tesouro deve subsidiar mais ainda os pequenos agricultores. Emprego garantido e comida na mesa da cidade.
Na visão do PSDB, inexiste oposição entre a agricultura familiar e o agronegócio, embora os dois sejam distintos. Ao contrário. Nosso maior desafio reside em modernizar tecnologicamente a agricultura pobre, de subsistência, elevando sua produtividade e inserindo-a devidamente nos mercados. Somente assim ela será capaz de gerar a renda necessária ao bem estar da família do campo.
Apenas o crédito rural, porém, não dá conta da solução completa. Somente através da educação profissionalizante e com o apoio de uma nova assistência técnica e extensão rural (ATER) se conseguirá fortalecer, de forma sustentável, a agricultura familiar. Com seguro de renda para o produtor. O resto é mero discurso.

Fonte: www.psdb.org.br

Comentários