Enquanto a presidenciável Marina Silva (PV) dá sinais de que ficará
neutra num eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra
(PSDB), seu partido se inclina a apoiar o tucano, à revelia da
candidata.
O presidente da legenda, José Luiz Penna, disse à Folha que descarta a neutralidade no segundo turno, caso Marina não esteja nele.
O PV é aliado do PSDB de Serra na maioria dos Estados, incluindo os três
maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A
ala ligada ao PT é minoritária na sigla.
Outros dirigentes ouvidos pela reportagem dizem que a tese de apoio a
Serra prevaleceria na executiva nacional do PV, que deve discutir o
assunto no início da semana.
Segundo Penna, o desempenho de Marina fará o partido sair mais forte das
urnas amanhã, mesmo que ela não vá ao segundo turno. Para ele, optar
pela neutralidade seria desperdiçar este capital político nas
negociações para o segundo turno.
"O que está em jogo é a nossa capacidade de influenciar o próximo
governo. O PV não ficará neutro. A neutralidade seria uma forma de dar
as costas ao processo democrático."
Ele não quis manifestar preferência entre Dilma e Serra, embora integre a
base de apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado do tucano, na
Câmara de Vereadores de São Paulo.
Em São Paulo e Minas, o PV participa de governos estaduais do PSDB, e no Rio os tucanos apoiam Fernando Gabeira (PV) ao governo.
O candidato verde ao governo paulista, Fabio Feldmann, é fundador do
PSDB e fez dobradinha com o tucano Geraldo Alckmin nos últimos debates.
Ricardo Young (PV) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) fazem dobradinha na
corrida ao Senado.
MARINA
Nos últimos dias, Marina subiu o tom contra Serra, o que foi
interpretado por aliados como sinal de que ela não pretende apoiá-lo num
confronto com Dilma.
Após o debate da Globo, ela disse que o tucano desconstruiu a própria
imagem na campanha e será derrotado (leia texto nesta página).
A senadora tem repetido que não vê diferenças entre os dois oponentes, e
passou a mirar mais em Serra nos debates para tentar ultrapassá-lo na
disputa pelo segundo lugar nas pesquisas.
Um apoio a Dilma é descartado pelos aliados pelo histórico de brigas
entre as duas no governo Lula. Assessores próximos de Marina tem aversão
à petista.
Marina sairá das urnas com mais força no PV, mas controla apenas 10 dos
50 votos da executiva. Se o partido fechar apoio a Serra, diretórios
pró-PT podem ser liberados a apoiar Dilma em Estados como Maranhão e
Bahia.
Fonte: BERNARDO MELLO FRANCO - Folha.com
Comentários
Postar um comentário