O partido e o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são acusados de participação numa quadrilha que cobrava de empresas de transporte para desviar R$ 5,3 milhões dos cofres públicos
Uma decisão da Justiça traz de volta um
fantasma que acompanha o PT e transforma em réu o partido e o chefe de
gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. O
assessor e o PT viraram réus num processo em que são acusados de
participar de uma quadrilha que cobrava propina de empresas de
transporte na Prefeitura de Santo André para desviar R$ 5,3 milhões dos
cofres públicos. O esquema seria o precursor do mensalão petista no
governo federal.
Na segunda-feira, a Justiça tomou uma decisão que abre de vez o
processo contra os envolvidos. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou
recursos protelatórios e confirmou despacho em que aceita denúncia
contra Carvalho, o próprio partido, outras cinco pessoas e uma empresa. A
juíza entendeu, no primeiro despacho, em 23 de julho deste ano, que há
elementos suficientes para processá-los por terem, segundo a denúncia,
montado um esquema de corrupção para abastecer o PT. "Há indícios
bastantes que autorizam a apuração da verdade dos fatos por meio da ação
de improbidade administrativa", disse.
O Estado esteve no Fórum de Santo André na quinta-feira para ler o
processo e a decisão de segunda-feira. A Justiça local já enviou para a
comarca de Brasília a citação do chefe de gabinete de Lula para
informá-lo de que virou réu. No documento, a Justiça pede que Carvalho
receba o aviso em sua casa ou no "gabinete pessoal da Presidência da
República". O Ministério Público quer que o petista e os demais acusados
devolvam os recursos desviados e sejam condenados à perda dos direitos
políticos por até dez anos.
A decisão judicial em acolher a denúncia foi celebrada ontem pelos
promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) da região do ABC, responsáveis pela investigação. "Ao receber a
denúncia, a Justiça reconhece que há indícios para que a ação corra de
verdade. É um caminho importante para resgatarmos o dinheiro desviado",
disse ao Estado a promotora Eliana Vendramini. Ela destaca que a Justiça
decidiu aceitar a denúncia depois de ouvir a defesa de todos os
acusados nos últimos três anos.
Segundo a ação, o assessor de Lula transportava a propina para o
comando do PT quando era secretário de governo do então prefeito de
Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. "Ele
concorreu de qualquer maneira para a prática dos atos de improbidade
administrativa na medida em que transportava o dinheiro (propina)
arrecadado em Santo André para o Partido dos Trabalhadores", diz a
denúncia aceita pela Justiça. De acordo com a investigação, os recursos
eram entregues ao então presidente do PT, José Dirceu.
Sombra. Apontado pelo Ministério Público como mandante do assassinato
de Daniel, o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, é
companheiro de Carvalho na relação de réus. Somam-se ao grupo o
ex-secretário de Transportes Klinger Luiz de Oliveira Souza, o
empresário Ronan Maria Pinto, entre outros. "O valor arrecadado era
encaminhado por Ronan ao requerido Sérgio e chegava, em parte, nas mãos
de Gilberto Carvalho, que se incumbia de transportar os valores para o
Partido dos Trabalhadores", afirma a denúncia. "A responsabilidade de
Klinger e Gilberto Carvalho decorre da sua participação efetiva na
quadrilha e na destinação final dos recursos." O dinheiro, aponta a
investigação, serviu para financiar campanhas municipais, regionais e
nacionais do PT. Por isso, o partido também responderá ao processo como
réu.
Fonte: Ana Paula Scinocca e Leandro Colon
Parabéns pelo blog (cheguei via Twitter do Dr. Marco Sobreira)!
ResponderExcluirAbraços e à vitória, com SERRA!