Perda de competitividade da indústria é o centro das preocupações da equipe econômica tucana
O processo de perda de competitividade da indústria
brasileira é o centro das preocupações da equipe econômica do candidato
do PSDB, José Serra. O dólar barato tem levado fábricas nacionais a
ampliarem o uso de componentes importados na sua produção. Outras
simplesmente deixaram de produzir e passaram a comercializar produtos
vindos do exterior.
A "ampla mudança" na economia defendida por Serra na semana passada,
quando questionado sobre o problema do câmbio, consistiria em estancar o
enfraquecimento da indústria. Para isso, o dólar precisaria apreciar-se
ante o real.
Uma conversa com os assessores tucanos deixa a impressão que não
seriam adotadas medidas drásticas para atingir esse objetivo. O
economista Geraldo Biasoto Júnior, um dos encarregados do programa
econômico, tem defendido, em artigos e entrevistas, que uma ação mais
contundente do Banco Central (BC) no mercado de câmbio ajudaria a conter
a queda da cotação do dólar.
"O poder que qualquer Banco Central tem de estar no mercado e colocar
medo nos especuladores é muito grande", disse um assessor. "Se o
governo agir, eles vão pensar duas vezes." Uma forma de assustar os
especuladores seria o BC comprar e vender moeda estrangeira "de
surpresa." Isso tiraria a previsibilidade sobre a cotação do dólar e
tornaria mais difícil montar as operações especulativas.
A equipe de Serra não parece flertar com mudanças profundas na
política cambial - como, por exemplo, passar a administrar o câmbio.
Essa era a política no Brasil antes do Plano Real.
A taxa de juros elevada, responsável pela atração dos capitais
especulativos para o País, poderia cair com uma melhor coordenação de
políticas de governo. Os gastos excessivos do setor público e a política
de popularizar o crédito bancário puxaram o consumo para cima e
obrigaram o BC a manter a taxa de juros em alta para conter pressões
inflacionárias. É esse cabo de guerra que, em tese, não ocorreria num
eventual governo Serra.
Fonte: Lu Aiko Otta - O Estado de S.Paulo
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