Os dois candidatos derrotados a governador afirmam que vão às ruas para eleger o tucano, assim como prefeitos e deputados verdes de SP
Um dia após a ex-candidata Marina Silva e o PV terem afirmado a
independência em relação ao segundo turno, os verdes derrotados na
disputa pelo governo do Rio, deputado Fernando Gabeira, e de São Paulo,
Fábio Feldmann, deram apoio ao presidenciável tucano, José Serra.
Gabeira e Feldmann, que se declararam a favor da independência verde
na plenária do partido, aproveitaram brecha na decisão da sigla que os
permite fazer campanha por Serra, desde que não portem símbolos da
legenda em eventos. Eles afirmaram que vão às ruas para eleger o
candidato do PSDB, assim como prefeitos e deputados do PV de São Paulo.
O ato foi realizado na casa que abrigou o comitê de Feldmann no
Pacaembu, área nobre da capital paulista. Além de Gabeira, Feldmann e
Serra, estiveram presentes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o
governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Gabeira, que se coligou aos tucanos na disputa fluminense, teve o
melhor desempenho entre os verdes que se candidataram a governador, com
1,6 milhão de votos - 20% dos votos válidos.
O ex-candidato ao governo do Rio já gravou participação para o
programa de TV de Serra "como indivíduo" e disse que vai participar de
um ato no Rio, organizado pelo senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG). Ele
disse considerar mais importante o "simbolismo" da decisão de apoio. "A
inspiração é mais importante que o suor. Não é exatamente sair pedindo
voto para todo mundo", anotou Gabeira. "A forma mais importante de
colaborar eu fiz hoje. Meu desejo é ver o Serra presidente articulado
com o governador Sérgio Cabral (PMDB) fazendo o melhor pelo Rio."
Ruralistas. Perguntado sobre as críticas de seu partido à bancada
ruralista, que apoia Serra, o ex-candidato esquivou-se. "Não sei se o
PSDB tem as ideias dos ruralistas. Tem apoio dos ruralistas. E não sei
se tem todas as ideias do PV. Tem apoio do PV. Compete a eles buscar a
unidade nacional, entre as pessoas que produzem alimento e as que querem
defender o meio ambiente", declarou.
Em tom semelhante, Feldmann, que é egresso do PSDB, partido pelo qual
foi deputado na década de 1990, afirmou que Serra é um "conciliador"
entre o ambientalismo e o desenvolvimento e sublinhou que a candidata do
PT, Dilma Rousseff, "tem muita dificuldade de entender o que é
sustentabilidade".
"Natural". O tom dos discursos tucanos apontou para acordo
"programático", apesar de Marina ter considerado "fraca" a carta enviada
pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para angariar o apoio verde. "A
união é natural", considerou Serra, em discurso. "O apoio de hoje não
tem conotação somente eleitoral, embora a questão eleitoral seja muito
importante, mas tem uma conotação programática: a aliança pelo
desenvolvimento sustentável no Brasil."
Para FHC, Dilma encarna o "produtivismo". O ex-presidente propôs
aumento do uso de energias alternativas e defendeu que o Código
Florestal não seja alterado. "Podemos aceitar para cada bioma regras
específicas, o que é racional", afirmou ele. "Mas não podemos concordar
que se mude o Código Florestal."
Aborto. Fernando Henrique defendeu que o tema aborto não seja tratado
como questão eleitoral. "Os políticos não devem confundir a questão do
Estado com a questão confessional", afirmou. "É uma questão de convicção
pessoal, e não política."
FHC também respondeu ao presidente da Petrobrás, José Sérgio
Gabrielli, que afirmou que o governo tucano teria preparado a estatal
para a privatização. O ex-presidente classificou a declaração de
Gabrielli como "eleitoreira". "Só pode ser eleitoral, não tem base
nenhuma e nunca esteve em cogitação", disse. / COLABOROU GUSTAVO URIBE
Discussão e apoio
FERNANDO HENRIQUE EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
"A discussão do aborto não pode ser eleitoral.
É uma questão de outra natureza e o assunto não deve ser politizado"
"A discussão do aborto não pode ser eleitoral.
É uma questão de outra natureza e o assunto não deve ser politizado"
FERNANDO GABEIRA
DEPUTADO DO PV
"Meu desejo é ver o Serra presidente articulado com o governador Sérgio Cabral (PMDB) fazendo o melhor pelo Rio"
DEPUTADO DO PV
"Meu desejo é ver o Serra presidente articulado com o governador Sérgio Cabral (PMDB) fazendo o melhor pelo Rio"
Fonte: Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo
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