Em primeiro lugar refere-se a mim como assessor do candidato
do PSDB, José Serra. Devo esclarecer que não sou, nem nunca fui assessor do
candidato.
Mais grave, afirma que declarei ser a favor da privatização
do pré-sal! A candidata (ou quem a assessora) delira, talvez motivada por
assombrações que lhe assomam, vendo uma privatização a cada esquina.
As declarações recentes sobre o assunto (e que encontram-se
devidamente registradas em áudio e vídeo) foram dadas em seminário realizado
pela Revista EXAME, no Rio de Janeiro, há cerca de uma semana. Na qualidade de
expositor, defendi a manutenção do atual sistema de concessões também para as
futuras licitações, sejam elas no pré-sal, ou fora dele. As áreas do pré-sal, contém,
como seria de se esperar, petróleo e gás, os mesmos existentes nas áreas fora
do pré-sal. O modelo de partilha proposto, na minha opinião, é danoso aos
interesses do país, por motivos diversos, que não cabem explicar em detalhes neste
momento. O pior deles refere-se à criação de uma estatal para comprar e vender
petróleo. Além do mais, a proposta é danosa à Petrobras, que, queira ou não,
será obrigada a participar de todos os campos do pré-sal, seja isto de seu
interesse, ou não.
Por fim, nunca é demais lembrar que o exitoso modelo de
concessões foi implantado a partir da Lei do Petróleo, a partir de 1999.
Durante o governo FHC foram realizados 4 leilões sob este regime (num dos quais
foram licitadas as áreas do pré-sal). No governo do PT foram 6. Ou seja, se
este é um modelo privatizante, foi aplicado de forma bem sucedida e permanente
pelo governo do qual fazia parte a candidata Dilma, inclusive na qualidade de
Ministra de Minas e Energia.
Por fim, este episódio faz-me lembrar de um trecho da
introdução do “Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós, onde para uma situação
semelhante, o autor afirmava tratar-se de “má fé cínica ou obtusidade córnea”. Neste caso, suponho tratar-se de ambas.
Esta é a verdade.
David Zylbersztajn
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