O esforço do novo comando dos Correios para contratar e
pagar R$ 2,8 milhões a mais para uma empresa aérea é um novo capítulo na
vida de uma empresa estatal que tem sido palco de irregularidades e
escândalos em sequência no governo do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Foi na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que começou o
escândalo do mensalão, em 2005 - crise que derrubou o ministro José
Dirceu da Casa Civil e até ameaçou o cargo do presidente da República.
Cinco anos depois, a novela se repete, pelo menos na Casa Civil. Lula
e a então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, prometeram fazer uma
limpeza nos Correios, dominado majoritariamente por grupos do PMDB nos
últimos anos. Trocaram o presidente e alguns diretores, mas não mudaram
os métodos. Davi de Matos foi nomeado para a presidência. Meses antes,
uma filha dele ganhou um emprego de assessora de Erenice - um dos filhos
da ministra, Israel Guerra, era funcionário fantasma da Terracap, órgão
do governo do Distrito Federal que já teve Davi de Matos como
presidente.
Erenice nomeou para a Diretoria de Operações o coronel Artur
Rodrigues, testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey na Master
Top Linhas Aéreas (MTA). O jovem Israel Guerra, filho de Erenice, é
investigado por suspeita de cobrar propina para ajudar a MTA no governo
antes da chegada do coronel Artur aos Correios.
Por trás dos acertos estava a ideia de montar e dirigir a empresa de
logística (sociedade mista entre governo e capital privado) do governo
Lula - uma promessa de Erenice dentro do Planalto.
O argentino Alfonso, que vive em Miami, já havia sido consultado pelo
coronel Artur sobre uma possível aliança com a Total Linhas Aéreas. O
dono da Total, Alfredo Meister, é amigo pessoal do coronel. Pediu a
ajuda dele em dezembro para solucionar um impasse dentro do governo
sobre uma inspeção antirruído nos aviões. O coronel caiu no mês de
setembro.
Erenice pediu demissão para evitar desgaste político na campanha de
Dilma Rousseff e a MTA está à beira da falência. Por enquanto, Total
Linhas Aéreas e Davi de Matos estão a salvo.
Fonte: Leandro Cólon e Karla Mendes - O Estado de S.Paulo
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