Maioria dos envolvidos em casos como os do mensalão e dos sanguessugas não se elegeu para Câmara; personalidades também ficaram pelo caminho
As urnas foram cruéis nesta eleição com deputados
envolvidos em escândalos recentes, embora alguns tenham conseguido se
eleger. Vários parlamentares envolvidos nos escândalos do mensalão, da
máfia dos sanguessugas, dos anões do Orçamento, e do uso irregular de
verbas indenizatórias não conseguiram se reeleger. A bancada dos
folclóricos ficará, também, sensivelmente reduzida na próxima
legislatura, que se inicia em janeiro, apesar da presença - ainda sob
contestação da Justiça Eleitoral - do comediante Tiririca (PR-SP),
campeão das urnas em 2010, com mais de 1,3 milhão de votos.
Quatro candidatos a deputado com os nomes citados no escândalo da
distribuição de ambulâncias, os chamados sanguessugas, foram derrotados
nas urnas: Coriolano Sales (PSDB-BA), Eduardo Seabra (PTB-AP), João
Caldas (PSDB-AL) e Fernando Gonçalves (PTB-RJ) não se elegeram. Nílton
Capixaba (PSC-TO), por sua vez, conseguiu vaga na Câmara. Em 2006, dos
50 citados no caso, somente 5 haviam conseguido se reeleger.
Gonçalves amargou apenas a 107.ª colocação, com 11 mil votos, na
disputa pela Câmara no Rio, Estado onde foram eleitos 46 candidatos.
Citado na CPI dos Sanguessugas, Coriolano Sales, conhecido como Cori,
ensaiou um retorno à vida pública depois de um período de ostracismo,
mas ficou com somente 4,9 mil votos, na 99.ª colocação na tentativa de
representar na Câmara a Bahia, que também tem 46 cadeiras em Brasília.
Terminou a eleição atrás de candidatos de nomes curiosos, como Batista
da Sorveteria e Pastor Eduardo Aleluia.
No caso do mensalão, as urnas também cobraram sua cota. José Genoíno
(PT-SP), que responde a ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF),
não conseguiu se reeleger, embora tenha obtido 92 mil votos. Nome
histórico do partido, Genoíno ficou em 81.º lugar no Estado, que tem 70
representantes na Câmara.
Assessor de confiança do ex-ministro José Dirceu, de quem é
testemunha de defesa no Supremo, Marcelo Sereno também não conseguiu a
vaga pelo PT carioca. Ele recebeu quase 40 mil votos e ficou na 63.ª
colocação.
Os petistas João Paulo Cunha e José Mentor, também citados nos
escândalos na versão PT e PSDB, conquistaram vagas na Câmara dos
Deputados por São Paulo. Em Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), tido como
líder do chamado mensalão mineiro, também conseguiu a reeleição, com 123
mil votos.
Castelo. Edmar Moreira, dono de um castelo no
interior de Minas e acusado de usar R$ 250 mil de verbas indenizatórias
da Câmara para contratar os serviços de sua própria empresa de
segurança, não vai voltar à Casa. O relator do caso, Sérgio Moraes
(PTB-RS), que ficou famoso ao dizer que estava "se lixando para a
opinião pública", entretanto, foi eleito, com 98 mil votos.
Genebaldo Correia (PMDB-BA), um dos anões do Orçamento, citado no
escândalo de 1993, tentou voltar à vida pública, mas foi barrado pelas
urnas. Ele ficou com 20 mil votos, na 68.ª colocação (somente 46 foram
eleitos).
O polêmico ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, também engrossa o
time de barrados. Duas vezes deputado federal, ele se candidatou pelo
PP-RJ, mas recebeu somente 17 mil votos, ficando na 88.ª colocação, ante
os 46 que conseguiram vaga na Câmara. Suplente do candidato derrotado
ao governo de Minas, ex-senador Hélio Costa (PMDB), Wellington Salgado,
mais famoso pela longa cabeleira, também saiu derrotado na tentativa de
obter uma vaga na Câmara por Minas. Teve 50 mil votos e ficou na 68.ª
colocação. Minas tem 53 representantes na Casa.
Apesar do prestígio como cantores, Frank Aguiar, ex-deputado federal
(PTB) e ex-vice-prefeito de São Bernardo do Campo (SP), e Agnaldo
Timóteo, vereador pelo PR em São Paulo, não foram felizes na tentativa
de conquistar vaga na Câmara. Ficaram com, respectivamente, 46 mil e 25
mil votos. No Estado, foram eleitos 70 candidatos.
Paes de Lira (PTC), que chegou ao Congresso após a morte do estilista
Clodovil, não conseguiu manter a vaga. O candidato Ney Santos (PSC),
apontado pela polícia como integrante do PCC, ficou, com 40 mil votos,
na 115.ª colocação em São Paulo.
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