Em Aparecida, Serra diz que polêmica sobre aborto saiu de programa de Lula



José Serra, Monica Serra e Geraldo Alckmin observam imagem de Nossa Senhora Aparecida 

No dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, o presidenciável José Serra (PSDB) afirmou que a questão da religiosidade, que tomou o segundo turno da campanha, foi introduzida “pelas pessoas, não por partidos ou candidatos”, mas que a polêmica sobre o aborto já havia sido aprovada pelo governo Lula e assinada por sua adversária, Dilma Rousseff (PT), no terceiro Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3).
Serra voltou a afirmar que não mudou de opinião, mas decidiu citar o PNDH-3, programa que criou polêmica durante o governo Lula por conter recomendação para que o aborto seja descriminalizado no país, além de diretrizes contestadas sobre reintegração de posse e mecanismos de controle de imprensa.
“O PNDH-3, que foi assinado pela candidata Dilma, diz que passaria a ser criminoso quem é contra o aborto. E depois reclama que a oposição está levantando as questões quando, na verdade, foram eles que levantaram esse assunto. Esse programa que é base de muitas das polêmicas que tiveram sequência a respeito de valores”, disse o tucano.
O tucano visitou nesta terça-feira (12) o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida onde participou de missa em homenagem à santa na Basílica de Aparecida, no Vale do Paraíba (SP).
Em entrevista coletiva após a missa, Serra citou o Dia das Crianças para dizer que elas ocupam um lugar central em seu programa de governo, “até mesmo antes de nascer”.
A agenda dos candidatos à Presidência ganhou tom religioso após polemica sobre a posição de Dilma em relação ao aborto. Ontem, a ex-ministra da Casa Civil também visitou Aparecida pela primeira vez. Inicialmente, os dois candidatos iriam à cidade nesta terça, mas no domingo à noite, Dilma decidiu antecipar a visita.
Questionado sobre a visita, Serra afirmou: “não é a primeira vez que venho. Eu não vi a outra candidata, não vou fazer nenhum julgamento”. Acompanhado da mulher, Monica Serra, do vice na chapa Índio da Costa, do governador eleito Geraldo Alckmin e do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, Serra rezou o Pai Nosso e cumpriu todo o ritual católico na missa solene.
Por volta de 35 mil devotos acompanharam a cerimônia e 150 mil pessoas estão em Aparecida para celebrações. Ainda durante a missa, Monica Serra recebeu uma imagem de Nossa Senhora para ser enviada aos mineiros presos em mina no Chile à espera de resgate. “Quero agradecer pelo sucesso desse resgate, desses mineiros que são exemplo de fé e esperança para o mundo”, disse ela. Monica nasceu no Chile e é naturalizada brasileira.
Serra também comentou a reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta terça, que mostra que a campanha de Dilma teria apontado o ex-diretor de Engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, como o homem que “fugiu” com R$ 4 milhões da campanha do tucano. “[A acusação] é absolutamente falsa. Se eu sou candidato, o pessoal da campanha saberia, eu saberia. Eu fico curioso de a candidata se preocupar com problemas internos da campanha, quando nós estamos preocupados com a Casa Civil, que é de dinheiro público. Isso [a acusação] é fantasia e falta de assunto”, argumentou.
Ao ser perguntado sobre o motivo de a religião ter se tornado um tema central no segundo turno, o tucano disse: “a questão da religiosidade foi introduzida pelas pessoas, não foi por partidos ou candidatos. Quem vai para a Presidência tem um papel de exemplo, então os valores acabam aparecendo. A maior parte da população brasileira é religiosa. Nós temos que falar porque as pessoas perguntam”, finalizou.
Panfletos
Um panfleto atribuído à Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) foi distribuído nesta terça-feira (12) nas entradas da Basílica em Aparecida (SP). O documento, intitulado "Votar bem", prega o voto em quem não defende o aborto e critica o PT. A Basílica recebe hoje milhares de fiéis por causa do dia da padroeira do Brasil. O aborto tem sido tema da campanha presidencial.
O panfleto critica o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos do governo Lula, que, segundo ressalta o documento, é "assinado pelo atual presidente e pela ministra da Casa Civil [Dilma Rousseff], no qual se reafirmou a descriminalização do aborto".
Em janeiro deste ano, a mesma regional da CNBB havia distribuído uma nota em que acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser o "novo Herodes". Herodes, segundo a Bíblia, ordenou a "matança de inocentes". A nota de janeiro se referia também ao 3º Programa Nacional de Direitos Humanos.

Fonte: Rosanne D'Agostinho - Uol

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