'Você sofre um crime, reclama do crime, protesta e é considerado um transgressor', ironizou o tucano
O candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, disse nesta quarta-feira, 8, estar indignado com a notícia de que
o sigilo fiscal do seu genro, Alexandre Bourgeois, também foi quebrado
na agência da Receita Federal em Mauá (SP). "A questão do meu genro
deixa mais do que claro que é um trabalho organizado. É um trabalho de
quadrilha", disse o candidato, após participar na capital de encontro em
defesa das pessoas com deficiência. "A violação do sigilo do meu genro e
da sua intimidade é mais um capítulo desse episódio vergonhoso."
Serra mostrou irritação ao falar sobre o caso, uma vez que, na
avaliação dele, a vida privada dos seus netos também foi invadida.
Anteriormente, na mesma agência da Receita Federal em Mauá, também havia
sido violado o sigilo fiscal da sua filha, Verônica Serra, casada com
Bourgeois. "Claro que estou muito ofendido, mas esse crime vai além
desse episódio e dessa questão pessoal", afirmou. "Esse episódio, na
verdade, envolve toda a nossa sociedade e todo o Brasil. O que está
sendo quebrado é um preceito constitucional."
O tucano criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em
comício em Guarulhos, no último sábado, acusou Serra de usar o caso da
quebra de sigilo para transformar sua família em vítima. "É realmente
uma coisa extraordinária", ironizou. "Você sofre um crime, reclama do
crime, protesta e é considerado um transgressor. Essa é a estratégia do
PT, da candidata oculta e do próprio presidente da República enquanto
pessoa física, antecipando inclusive defesa a ataques que eles mesmos
fizeram."
Ele criticou novamente o presidente Lula por ter aparecido nesta
terça-feira na propaganda eleitoral da candidata do PT, Dilma Rousseff.
Na TV, Lula atacou Serra. "Infelizmente, nosso adversário, candidato da
turma do contra, que torce o nariz para tudo o que o povo brasileiro
conquistou nos últimos anos, resolveu partir para os ataques pessoais e
para a baixaria", disse o presidente. "Tentar atingir com mentiras e
calúnias uma mulher da qualidade de Dilma é praticar um crime contra o
Brasil, em especial contra a mulher brasileira."
Serra afirmou que Dilma terceirizou os ataques ao utilizar o
presidente Lula em defesa da sua candidatura. "Há uma terceirização de
debates e também de ataques, que incluem agora, inclusive, o presidente
Lula, que apesar de ser presidente da República de todos os brasileiros
se engaja como porta-voz de uma candidata que aparentemente não tem
condições de falar por si própria."
"O que houve ontem não foi uma defesa, foi um ataque", afirmou Serra,
sem querer responder se gravaria uma participação no horário eleitoral
em resposta a Lula. "No programa eleitoral, eu falo para a população
brasileira, não falo para este indivíduo ou aquele."
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