'Um esquema como este na Casa Civil não se criou a partir de abril', diz tucano, referindo-se à época em que candidata deixou a pasta

"Se (Dilma) sabia, é crime. Se não sabia, não é boa administradora,
porque anos e anos com um esquema feito ao lado do gabinete, com
distribuição de propinas até para a compra de remédios, o que é
especialmente mórbido, não dá", afirmou.
Ele se referia à reportagem publicada na revista Veja que circulou
ontem, sobre o recebimento de propina de R$ 200 mil por Vinícius Castro,
ex-funcionário do ministério e sócio de Israel Guerra, filho de Erenice
Guerra.
Serra destacou que o suposto esquema de pagamento de propina
acontecia desde o período em que Dilma comandava a Casa Civil. "Tudo o
que eles querem é dizer que eleição é uma coisa e que governo é outra. A
gente sabe que não é assim. Um esquema como este na Casa Civil não se
criou a partir de abril (quando Dilma deixou o governo para iniciar
campanha)."
O tucano disse que "é preciso dar um basta" à corrupção no governo
federal. O candidato afirmou que a população está mais informada sobre
as denúncias que envolvem a ex-ministra Erenice do que sobre a quebra de
sigilo fiscal de pessoas próximas a ele. "Muita gente no Brasil não
entendeu o que é quebra de sigilo, embora seja um crime grave. Mas, todo
mundo sabe o que é corrupção, o que é mensalão, o que é propina",
declarou.
Serra não quis, no entanto, especular sobre o possível impacto das
denúncias na campanha de Dilma. Ele procurou destacar a importância da
Casa Civil, que classificou como "o coração do governo". "Já é o
terceiro escândalo da Casa Civil deste governo", lembrou.
Ele declarou que, se eleito, sua gestão será diferente. "Tenho outra
história, tenho caráter, como tem caráter também a população brasileira.
Nesta eleição, temos que dar um basta nesses abusos." O candidato do
PSDB fez caminhada em Icaraí, em Niterói, e participou de encontro, no
Rio, com deficientes físicos, aos quais afirmou que os escândalos
envolvendo o governo significam "dinheiro retirado da Previdência, dos
deficientes, da educação". No discurso, tendo ao seu lado o candidato do
PV ao governo do Estado, Fernando Gabeira, e o candidato ao Senado,
Cesar Maia (DEM), Serra prometeu criar um ministério específico para
deficientes físicos.
Convocação. Em Brasília, o PSDB elevou ontem o tom das acusações
contra a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff,
vinculando-a diretamente às novas denúncias publicadas na revista Veja
de pagamento de propina na Casa Civil. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
foi escalado pela cúpula tucana para cobrar explicações de Dilma.
"Alguém pode se dispor a ser presidente da República e não enxergar um
propinoduto instalado a um palmo de seu nariz, um balcão de negócios?",
indagou. O senador tucano anunciou a apresentação, amanhã, à Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, de uma representação para ouvir a
Dilma sobre o assunto.
Fonte: Luciana Nunes Leal - Colaborou Eugênia Lopes - O Estado de S.Paulo
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