Avaliação é de que Lula transmitiu a impressão equivocada de que fazia pronunciamento oficial como chefe da Nação
Ministros e ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) avaliariam ontem que a participação do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva no horário eleitoral gratuito para defender a sua candidata,
Dilma Rousseff, e atacar o tucano José Serra foi "inadequada" porque
transmitiu aos eleitores a impressão equivocada de que ele fazia um
pronunciamento oficial como chefe da Nação.
Lula ocupou mais de 20% do programa de Dilma veiculado na terça-feira.
Num ambiente sóbrio, mimetizando um espaço oficial, o presidente fez
uma espécie de pronunciamento, no qual acusou a oposição de partir para o
ataque pessoal e cometer baixaria.
"Nossa candidata Dilma tem feito uma campanha elevada, discutindo
propostas, mostrando o que fizemos e o que ainda vamos fazer pelo
Brasil", afirmou Lula no programa do PT. "Infelizmente, nosso
adversário, candidato da turma do contra, que torce o nariz contra tudo o
que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos, resolveu partir para
ataques pessoais e para a baixaria."
Ar institucional. Nos meios jurídicos, não há dúvidas de que Lula tem
o direito de participar dos programas eleitorais de Dilma, que é a sua
candidata e está no mesmo partido. O problema, na avaliação de
especialistas, é quando ele tenta dar um ar institucional, de
pronunciamento oficial, para atacar o principal adversário da petista.
Outro detalhe mencionado pelos especialistas é que, como chefe do
Executivo, Lula não deveria falar sobre episódios de quebra de sigilo
que estariam sendo investigados no governo.
A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, disse ontem que
vai avaliar a participação de Lula no horário eleitoral. Segundo ela, no
episódio da quebra de sigilo fiscal de tucanos, ainda é difícil
comprovar intuito eleitoral no vazamento dos dados, "uma vez que essas
informações ainda não foram devidamente usadas por nenhum partido na
propaganda eleitoral".
"Toda a dificuldade neste momento é demonstrar a conotação
eleitoral", explicou a vice-procuradora, argumentando que não há prova
até o momento de que foi pedido pelo PT. "A única prova que tem é que o
cidadão é filiado ao PT. As pessoas têm filiação com o partido da
candidata, mas já que não foi usado, como é que a gente vai demonstrar
que essas pessoas agiram a mando da candidata ou a mando do comando de
campanha? A menos que apareça alguém dizendo isso, o que não aconteceu
até agora."
Fonte: Mariângela Gallucci - O Estado de S.Paulo
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