José Roberto Camargo Campos atuou para empresa em que trabalha conseguir concessão da Anatel
José Roberto Carvalho Campos, marido de Erenice
(Cristiano Mariz)
Não só o filho de Erenice Guerra valeu-se da influência da mãe à frente
da Casa Civil para fazer negócios. O marido da ex-ministra,
o engenheiro elétrico José Roberto Camargo Campos, também quis tirar seu
naco. É o que mostra a edição de VEJA desta semana.
Campos arquitetou um plano para que a pequena empresa de comunicações
de que era diretor comercial, a Unicel, entrasse no bilionário mercado
de telefonia celular de São Paulo. A concessão da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) saiu em 2005 após decisão pessoal de seu
presidente, Elifas Gurgel.
Setores técnicos da Anatel contestaram a decisão porque a empresa
sequer apresentou garantias sobre sua capacidade técnica e financeira
para tocar o negócio. O recurso levou dois anos. A revista entrevistou
um dos membros do conselho que acompanhou o caso: “A Erenice fazia
pressão para que os técnicos revissem seus pareceres e os conselheiros
mudassem seu voto”.
O resultado da pressão foi que o técnico Jarbas Valente e o conselheiro
Pedro Jaime Ziller mudaram seu parecer após ouvir os argumentos da Casa
Civil. Valente ganhou uma promoção na Anatel e dois assessores de
Ziller deixaram a agência para bater ponto na Unicel por salários em
torno de 30 000 reais.
O lobby de Erenice, segundo a reportagem, resolveu outra questão
‘burocrática’: driblar a legislação que obriga as concessionárias de
serviços de telefonia a pagar 10% do valor do contrato como entrada.
Nesse caso, seriam 9,3 milhões de reais. Como não tinha dinheiro, a
Unicel conseguiu convencer o conselho da Anatel a reduzir o valor para
900 mil reais – 1 % do negócio. A decisão foi contestada, há duas
semanas, pelo Ministério Público.
As operações da Unicel começaram em 2008, sob o nome fantasia de AEIOU.
A estratégia era atrair o público jovem a um baixo custo. Não deu
certo: a empresa tem 20 000 assinantes e responde por dívidas que
ultrapassam os 20 milhões de reais. A esperança do marido de Erenice e
de seus amigos é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A estratégia é
convencer o governo a considerar a concessão da Unicel de utilidade
pública para o projeto. Se isso ocorrer, a empresa pode receber 100
milhões de reais.
VEJA revela o nome de um outro parceiro especial neste caso: Gabriel
Boavista Lainder, assessor da Presidência da República e dirigente do
Comitê Gestor dos Programas de Inclusão Digital, que comanda o PNBL. Com
quem ele trabalhou? Com os donos da Unicel, por 8 anos. Quem o indicou
para o cargo? O marido de Erenice Guerra. Disse Lainder à revista: “O
marido da Erenice é um cara que admirava meu trabalho. Ela me disse que
precisava de alguém para coordenar o PNBL”.
Fonte: Veja.com
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