Edson Aparecido
Novas
denúncias de corrupção na Casa Civil derrubaram a ministra-chefe do
órgão, Erenice Guerra, nesta quinta-feira (16). A ministra pediu
demissão após a publicação de reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” em
que ela e o filho, Israel Guerra, são apontados como os responsáveis
pela cobrança de propina para facilitar empréstimo do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES) para uma empresa do setor de energia.
“É inconcebível que pessoas como essa possam governar o país e ter
cargos tão importantes dentro do governo”, afirmou o deputado Edson Aparecido (SP)
antes mesmo do anúncio da saída de Erenice Guerra. Para o tucano,
vice-presidente nacional do PSDB, é de extrema importância que o governo
e Lula tenham uma resposta clara sobre os fatos ocorridos “ao lado da
sala do presidente da República”.
No fim de semana, a revista “Veja” já havia denunciado que o filho da
ministra teria intermediado contratos de uma empresa aérea com os
Correios também mediante o pagamento de propina. Os crimes teriam
ocorrido enquanto Dilma Rousseff era ministra e Erenice, sua principal
assessora.
Interessada em instalar uma central de energia solar no Nordeste, a
EDRB do Brasil teria sido orientada a procurar a Capital Consultoria,
empresa de Saulo Guerra, outro filho de Erenice. Representantes da EDRB
disseram à Folha que foram recebidos em audiência oficial pela então
secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, em novembro do ano
passado. A audiência teria sido intermediada por Vinícius Castro, então
assessor do órgão, que pediu exoneração na última segunda-feira (13)
após a divulgação das primeiras denúncias.
As condições impostas para fechar o financiamento de R$ 9 bilhões com
o BNDES seriam o pagamento de propina divida em seis parcelas mensais
de R$ 40 mil à Capital, além de uma comissão de 5% sobre o valor do
empréstimo.
Rubnei Quícoli, consultor da EDRB, informou que a empresa se sentiu
“chantageada” e cortou negociações com os lobistas. Em março, o BNDES
rejeitou o pedido de empréstimo. Em seguida, Quícoli teria sido
procurado por Marco Antônio Oliveira, ex-diretor dos Correios e tio de
Vinícius Castro. Na ocasião, Oliveira teria dito que a questão poderia
ser resolvida, desde que a EDRB desembolsasse R$ 5 milhões para saldar
supostas despesas de campanha de Dilma.
“É um absurdo. É a manifestação mais clara de como o governo Lula
mistura os interesses públicos e os privados. É o interesse da máquina
partidária acima dos interesses da sociedade. Acredito que seja
absolutamente impossível que o governo não tivesse conhecimento disso
tudo que acontecia na antessala do presidente da República”, afirmou o
deputado ao cobrar a apuração dos fatos que, segundo ele, são
“gravíssimos”.
O jornal “O Globo” também traz, em sua edição de hoje (16), mais
denúncias contra Erenice Guerra. Segundo reportagem, José Roberto
Campos, marido da agora ex-ministra, foi contratado para prestar
serviços à Eletronorte, em 2003, época em que ela participava do
Conselho Administrativo da estatal e era consultora jurídica do
Ministério de Minas e Energia. Campos teria recebido R$ 120 mil entre
fevereiro de 2003 e junho de 2004. A suspeita é de que ele tenha sido
indicado para o trabalho na estatal por influência da mulher.
OAB tinha exigido saída de ministra; Ministério Público também apura o caso.
Ontem (15), o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil,
Ophir Cavalcante, havia defendido com veemência o afastamento imediato
da ministra e ressaltado que tanto ela quanto o filho devem ser
investigados pelo Ministério Público e, internamente, pelo governo.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou as
denúncias “graves” e afirmou que a Procuradoria da República no Distrito
Federal acompanhará as apurações.
(Fonte: Diário Tucano / Reportagem: Djan Moreno)
Comentários
Postar um comentário