O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou hoje,
no interior de São Paulo, oito usinas termelétricas que já estavam
funcionando há tempos. O próprio presidente, em discurso, viu-se
obrigado a admitir que o que chamou de "marco para o setor de energia no
Brasil" não era nada novo. "Algumas (termelétericas) já estão
funcionando há algum tempo, mesmo assim tenho a alegria de estar
inaugurando", afirmou.
A Usina Ester, de Cosmópolis, produz energia a partir do bagaço de
cana há vários anos e, desde junho, vende o excedente para o sistema
elétrico. A Conquista do Pontal, de Mirante do Paranapanema, foi
inaugurada em novembro do ano passado já produzindo energia a partir dos
restos de cana moída. Até a termelétrica da Usina da Barra, em Barra
Bonita, de onde Lula fez as inaugurações simultâneas, já estava operando
desde o início de julho, quando obteve a licença da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel).
A agenda no Estado de São Paulo, reduto tucano onde o presidente
concentra esforços na tentativa de levar o PT a uma vitória eleitoral no
próximo domingo, foi programada de última hora. Hoje à noite, Lula
tinha agendado um comício ao lado da candidata petista à Presidência,
Dilma Rousseff, em São Paulo. A decisão de, no mesmo dia, ter uma agenda
de governo foi tomada no final da quarta-feira passada. Na falta de
alternativas, optou-se pelas termelétricas.
Conveniente ao presidente, a agenda das inaugurações simultâneas
obrigou a um corre-corre nas usinas. Em Barra Bonita, o palco da
solenidade foi preparado às pressas. A chuva da noite obrigou os
convidados a transitar por um lamaçal. Enquanto Lula discursava,
funcionários drenavam com mangueiras a água que tinha se acumulado sobre
a tenda e ameaçava romper a lona plástica.
Rotina
Também foi preciso alterar a rotina da indústria - uma das maiores
fabricantes de açúcar e álcool do mundo - para atender a um pedido de
Lula. Ele queria a presença de cortadoras de cana no evento. As mulheres
compareceram a caráter, vestindo as roupas de trabalho, com as cabeças
protegidas por panos e chapéus, e ocuparam um lugar perto do palco, à
frente do público estimado em 2 mil pessoas.
No final, o presidente desceu do palco e se dirigiu ao grupo de
mulheres para fotos e abraços. Quando a cortadora Maria Helena Leite, de
51 anos, de Igaraçu do Tietê, disse que ali todas eram Dilma e que ela
ia "ganhar estourado", Lula apenas sorriu. Assediado pelos jornalistas
que conseguiram abrir espaço entre os militantes, ele ficou sério e não
respondeu a nenhuma pergunta. Coube ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP),
presente no evento, dizer que o presidente respeita a imprensa.
A solenidade foi interligada, via satélite, com a usina Cocal 2, de
Narandiba, onde estava o ministro das Minas e Energia, Márcio
Zimmermann, e a Conquista do Pontal, com a presença do secretário de
Energia Elétrica do ministério, Ildo Grudtner. As outras usinas
inauguradas foram Nobre Energia, em Sebastianópolis do Sul; Andrade, em
Pitangueiras; Iacanga, em Iacanga, e Clealco, em Queiroz.
Fonte: JOSÉ MARIA TOMAZELA - Agência Estado
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