Estadão, Folha, Globo e Veja se posicionaram de forma crítica; só IstoÉ foi na linha contrária
Os principais jornais e revistas do país condenaram hoje
as críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sobre o
trabalho da imprensa nas eleições presidenciais do próximo domingo.
"Lula e a candidata oficial têm-se limitado até aqui a vituperar a
imprensa, exercendo seu próprio direito à livre expressão, embora em
termos incompatíveis com a serenidade requerida no exercício do cargo
que pretendem intercambiar", destacou a "Folha de S.Paulo" em um
editorial intitulado "Todo poder tem limite".
O editorial remete a uma declaração de Lula, quem em um comício da
candidata petista à Presidência, Dilma Roussef, afirmou que alguns meios
de comunicação "são uma vergonha", pois, segundo ele, "se comportam
como um partido político", mas não têm coragem para dizê-lo.
O presidente contestava informações que, nas últimas semanas,
revelaram escândalos de corrupção no Ministério da Casa Civil, que até
março passado era liderado pela candidata petista. Os escândalos
custaram o cargo da sucessora de Dilma, Erenice Guerra, que acabou
renunciando, pressionada pelas denúncias.
O editorial da "Folha" ressalta que "os altos índices de aprovação
popular do presidente Lula não são fortuitos", assim como as pesquisas
que apontam o claro favoritismo de Dilma para as eleições de 3 de
outubro, graças ao carisma do governante. O jornal reconhece que isso
resulta da gestão do atual Governo, que manteve "uma política econômica
sensata" e "ampliou uma antes incipiente política de transferências de
renda aos estratos sociais mais carentes", reduzindo a desigualdade
social. No entanto, o editorial sustenta que "nem por isso seu governo
pode julgar-se acima de críticas".
Na mesma linha se manifestou a "Carta ao Leitor" da edição desta
semana da revista "Veja", um dos meios mais críticos a Lula. A
publicação condena a "deformação" do ponto de vista do Governo, que
atribui a "convicções de alguns que continuam ruminando a ideia
totalitária do leninismo, segundo a qual Governo e povo se confundem e,
portanto, a imprensa não tem o direito de criticar as autoridades".
Segundo a "Carta ao Leitor", por denunciar os casos de corrupção na Casa
Civil, a "Veja" e os grandes jornais do país foram tachados de
"golpistas", porque a notícia poderia ter o "potencial para tirar votos
da candidata oficial".
Opinião parecida foi manifestada pelo jornalista Merval Pereira,
colunista do jornal "O Globo", quem na semana passada lançou o livro "O
Lulismo no Poder", no qual analisa o que percebe como traços de
autoritarismo do Governo do PT. Em sua coluna de hoje, Merval afirma que
o recente caso de corrupção na Casa Civil "leva a crer que, ou
presidente não sabe escolher seus assessores - o que coloca uma dúvida
sobre a escolha de Dilma como sua candidata -, ou não consegue controlar
sua equipe". "Lula é o sujeito mais enganado do mundo. Ou o que mais
engana. Ou se acha capaz de enganar todo o mundo", critica Merval
Pereira.
O jornal "O Estado de S.Paulo" também dedicou opinião sobre o
assunto, em seu editorial "O mal a evitar", no qual declara apoio aberto
ao candidato opositor José Serra, do PSDB. Para o periódico, Lula "tem o
mal hábito de perder a compostura quando é contrariado" e "também todo o
direito de não estar gostando da cobertura" que "quase todos os órgãos
de imprensa" tem dado à "escandalosa deterioração moral do Governo que
preside". "Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu
em 135 anos de lutas, o 'Estado' apoia a candidatura de José Serra", por
seus "méritos", "seu currículo exemplar" e "pelo que ele pode
representar para a recondução do país ao desenvolvimento econômico e
social pautado por valores éticos", indicou.
Na grande imprensa brasileira, o único veículo que apresentou hoje
uma posição diferente foi a revista "IstoÉ", também em editorial. Em
aparente alusão à imprensa, a revista diz que "diversos agentes
envolvidos no processo eleitoral não deram ouvido e espaço à voz das
ruas e a atacam de maneira visceral e virulenta pela opção seguida. Como
se ela estivesse errando pelasimples razão de escolher".
Fonte: EFE
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