A exemplo do que foi feito na Receita, PF investiga se servidores do Banco do Brasil violaram contas de Eduardo Jorge



Além da quebra ilegal do sigilo fiscal de Verônica Serra , filha do candidato do PSDB à Presidência, e de outros políticos tucanos, a Polícia Federal passou a investigar uma suposta ação ilegal no Banco do Brasil para violar as contas bancárias do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. A exemplo do que foi feito na Receita, onde os registros no sistema apontaram as senhas de quem devassou os dados fiscais de tucanos, a PF quer saber a identidade dos servidores do BB que podem ter extraído informações das contas de Eduardo Jorge. A PF já encaminhou à Justiça um pedido para que o banco seja obrigado a fornecer os dados do sistema de controle.

A denúncia foi feita por Eduardo Jorge em depoimento prestado à PF , em 5 de agosto. Ele atribui o vazamento ao comitê da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Apesar da denúncia ter sido levada à PF há quase um mês, o BB informou nesta quinta-feira que "não há fato concreto" e, por isso, não determinou qualquer medida para apurar a denúncia. Segundo o banco, o caso só será apurado internamente se houver "fato concreto".
A PF decidiu apressar a apuração da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de Eduardo Jorge e intimar para depor o técnico contábil Antônio Carlos Atella Ferreira, acusado de usar uma procuração falsa para violar o sigilo fiscal de Verônica. A polícia tentaria interrogá-lo ainda nesta quinta-feira. A polícia também quer ouvir Verônica. Ela já declarou que não assinou a procuração usada por Atella.

Peritos vão analisar procuração

Com autorização judicial, a PF também já teve acesso e está analisando o disco rígido do computador de Adeildda Ferreira Leão Santos, servidora da Receita acusada de vasculhar indevidamente às declarações de Eduardo Jorge. O Ministério Público pediu e a juíza Pollyana Alves, da 12ª Vara, autorizou que a polícia abra e confira as informações registradas no computador da servidora.

A PF também pediu a quebra do sigilo bancário e telefônico de Adeildda. Quer saber com quem a servidora manteve contato no período das quebras de sigilo, e se fez movimentações bancárias suspeitas.

Peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) vão analisar também a procuração usada por Attella para obter uma cópia da declaração de renda de Verônica Serra. A polícia pedirá que Verônica escreva algumas frases à mão para comparar com o padrão grafotécnico da assinatura registrada na procuração. Confirmada a irregularidade, Attela será indiciado por uso de documento falso.

Falta a parte mais importante: identificar os mandantes da quebra de sigilo. A PF interrogou o jornalista Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicações, empresa encarregada de contratar repórteres na fase da pré-campanha de Dilma. Lanzetta foi acusado por Onésimo Souza de pedir um levantamento sobre Serra e o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Ex-delegado da PF, Onésimo entendeu que o serviço teria que ser feito inclusive com grampo.

Lanzetta diz que foi o ex-delegado quem se ofereceu para investigar o suposto grupo de Itagiba, que produziria dossiês contra aliados de Dilma. Também foi interrogado o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá. Onésimo, Dadá e o jornalista Amaury Ribeiro seriam contratados por Lanzetta. Mas o grupo não chegou a ser constituído.

O presidente Lula determinou nesta quinta-feira que a PF apresse as investigações sobre a quebra de sigilo. Segundo o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, Lula espera que os culpados sejam devidamente punidos.

Fonte: Gerson Camarotti e Jailton de Carvalho - O Globo

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