Candidata do PT recusa convite de tucano para dar explicações no Congresso e afirma não conhecer pivô do escândalo de propinas
"Convite do senador Alvaro Dias eu não aceito nem para cafezinho",
devolveu a candidata do PT. "Aliás, não é um convite, é mais uma
tentativa do senador de criar um factoide. Ele tenta, sistematicamente,
tumultuar essas eleições."
Dias disse que apresentará hoje à Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado uma representação pedindo que Dilma seja convidada a
esclarecer denúncias de que há um "balcão de negócios" na Casa Civil.
Ao saber da resposta da petista, o tucano reagiu, fazendo coro com o
candidato do PSDB, José Serra. "Não estamos falando de café pequeno,
mas, sim, de um grande escândalo. Como alguém pode se dispor a ser
presidente da República e não enxergar um propinoduto instalado a um
palmo de seu nariz?", provocou Dias.
Dilma participou ontem de uma carreata em Ceilândia - maior cidade
satélite do Distrito Federal - e, mais uma vez, tentou colar a sua
imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisas de intenção
de voto recentes mostram que ela caiu entre oito e nove pontos na
região.
"Não conheço". Sem esconder a contrariedade com acusações de que há
um esquema de facilitação de negócios funcionando dentro da Casa Civil,
Dilma disse desconhecer o advogado Vinícius Castro. Demitido na
segunda-feira, ele era assessor da Casa Civil, contratado pela então
ministra Erenice Guerra no ano passado, quando Dilma ainda era titular
da pasta. Erenice caiu há quatro dias, dizendo-se "traída" pelo
ex-assessor.
"Eu não me sinto traída porque não nomeei esse senhor. Não o
conhecia. Ele não era da minha confiança. Era da confiança dela",
insistiu a candidata.
Segundo reportagem da revista Veja, Vinícius era sócio de Israel
Guerra, filho de Erenice, na empresa de consultoria Capital e teria
embolsado R$ 200 mil em dinheiro, dentro da Casa Civil, em junho de
2009. O dinheiro, de acordo com Veja, integrava o lote da propina paga
em pacotes a servidores da Casa Civil como agradecimento à compra
adicional do medicamento Tamiflu, usado no tratamento da gripe suína.
Para Dilma, todo ministro ou "ex-ministro da Saúde" sabe bem que
processos licitatórios dessa área "nada têm a ver com a Casa Civil". Era
uma referência a José Serra, que foi ministro da Saúde de 1998 a 2002,
no governo Fernando Henrique Cardoso. No sábado, Serra disse que "se
Dilma sabia (da corrupção) é crime; se não sabia, não é boa
administradora".
No ano passado, o Ministério da Saúde comprou sem licitação, em
caráter emergencial, mais medicamentos para combater a gripe suína.
Foram sete compras, que somaram cerca de R$ 400 milhões. "O Tamiflu é
fornecido por um único laboratório internacional. A negociação foi feita
entre o Ministério da Saúde e a direção do laboratório. O preço foi
reduzido em 76% e a Casa Civil não tem qualquer vinculação com processos
licitatórios da Saúde", assegurou Dilma.
Pane. De microfone em punho, na carreata ao lado do candidato do PT
ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, Dilma alfinetou a
oposição e pediu apoio. "Não vamos deixar que o desespero deles
(oposição) contamine a nossa campanha", gritou a petista.
O Jeep que transportava Dilma pifou com menos de 40 minutos de
carreata e ela acabou indo embora mais cedo. Antes, porém, teve tempo de
transmitir aos eleitores um "recado" de Lula. "O presidente disse para
mim: "Dilma, você vai lá em Ceilândia. Saiba que está lá o meu povo, que
é igual a mim, que veio também do Nordeste e é para esse povo que a
gente tem de governar"", discursou. "É isso que vamos fazer: dar
continuidade ao governo Lula."
Fonte: Vera Rosa - O Estado de S.Paulo
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