Em abril de 2009, analista da agência do Fisco instalada na cidade de Formiga acessou informações de tucano dez vezes num único dia
Seis meses antes de começar a série de violações de
sigilos fiscais de dirigentes tucanos e familiares em Mauá e Santo
André, municípios de São Paulo, um analista tributário do interior de
Minas Gerais acessou dez vezes, em um único dia, os dados do
vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge.
De acordo com levantamento do Serviço Federal de Processamento de
Dados (Serpro), os acessos, como revelou com exclusividade o portal
estadao.com.br, foram feitos no dia 3 de abril de 2009. O autor foi um
analista que trabalha na agência da Receita Federal em Formiga, a 210
quilômetros de Belo Horizonte (MG). Por não ter conseguido contactar o
funcionário até o fechamento desta edição, o Estado decidiu não revelar o
nome dele.
O levantamento, feito a pedido da Corregedoria da Receita,
responsável pela investigação sobre as violações, mostra que o analista
mineiro não foi o único a acessar os dados de Eduardo Jorge no primeiro
semestre do ano passado.
Segundos. Todos os acessos feitos pelo analista de Formiga
aconteceram em questão de segundos. O documento obtido pelo Estado
mostra que o primeiro acesso aos dados de Eduardo Jorge aconteceu às
16h32m18s. O último ocorreu às 16h32m59s. Todas as consultas são do
mesmo usuário, a partir de um único computador.
Eduardo Jorge, que tem domicílio fiscal no Rio, não tem nem negócios
nem imóveis em Formiga, o que reforça o caráter de violação dos dados do
tucano.
As invasões para consulta dos dados fiscais do vice-presidente do
PSDB foram detectadas por meio de uma "Apuração Especial". Esse tipo de
investigação é pedida ao Serpro sob encomenda da Receita. Neste caso, a
corregedoria pediu que fossem listadas as consultas envolvendo o CPF de
EJ no período entre 2 de janeiro e 19 de junho de 2009.
A "Apuração Especial" do Serpro informou que também foram detectadas
"consultas" aos dados de EJ feitas pelo Banco Central, a Polícia Federal
e a Procuradoria Geral da República. Mas nenhuma dessas instituições
acessou tantas vezes os dados quanto o analista de Formiga, que entrou
dez vezes no CPF de Eduardo Jorge.
Outras violações. O período da consulta feita ao Serpro antecede,
portanto, a violação do sigilo de Verônica Serra, filha do candidato
tucano ao Planalto, José Serra, que aconteceu no dia 30 de setembro de
2009, em Santo André. Na sequência, foram violados, em 8 de outubro, os
sigilos fiscais do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, de
Gregorio Marin Preciado (empresário casado com uma prima de Serra), do
ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio (no governo FHC) e de
Eduardo Jorge.
Fonte: Rui Nogueira Renato Andrade - O Estado de S.Paulo
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