Sucessora da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, não resistiu às denúncias de tráfico de influência e lobby envolvendo seu filho
Erenice Guerra não é mais a ministra-chefe da Casa
Civil. A sucessora da candidata do PT, Dilma Rousseff, não resistiu às
denúncias de tráfico de influência e lobby envolvendo seu filho, Israel
Guerra e pediu demissão nesta quinta-feira, 16. A decisão da agora
ex-ministra foi divulgada à tarde através de um comunicado oficial à
imprensa lido pelo porta-voz da Presidência. Assume o cargo
interinamente o secretário-executivo da pasta Carlos Eduardo Esteves
Lima. Especula-se que Lula anuncie nos próximos dias Miriam Belchior,
subchefe de Avaliação e Monitoramento, como nova ministra.
O empresário Rubnei Quicoli afirmou ao Estado nesta
quinta-feira que a Casa Civil é palco de lobby e que a empresa do filho
da ministra Erenice Guerra cobrou 5% da EDRB do Brasil Ltda. para
conseguir um financiamento de R$ 9 bilhões junto ao BNDES. "Foi a maior
patifaria o que fizeram. Fizeram terrorismo", disse. A própria ministra,
segundo ele, participou de uma reunião no ano passado. O empresário
enviou os documentos ao Estado.
Segundo Quicoli, em meio às negociações com os intermediários em
Brasília, foi pedido ainda o valor de R$ 5 milhões para ajudar na
campanha da presidencial de Dilma Rousseff (PT). "Eu disse que não podia
por tudo junto numa mala. E que precisava de nota fiscal de uma empresa
como prestadora de serviço", afirmou. O pedido de dinheiro para a
campanha, de acordo com Quicoli, foi feito pelo ex-diretor de Operações
dos Correios Marco Antonio de Oliveira.
A intermediação do filho de Erenice nesse episódio foi revelada pelo
jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira. O empresário Rubnei Quicoli
contou ao Estado que a EDRB do Brasil Ltda buscava um empréstimo junto
ao BNDES para viabilizar um projeto de energia solar que estava parado
desde 2002. Consultor da EDRB, Quicoli disse que a Casa Civil deu a
orientação para procurarem a Capital Assessoria, empresa em nome de
Saulo Guerra, filho de Erenice, mas que é comandada por outro filho da
ministra, Israel. Foi feita então a minuta de um contrato, no valor de
R$ 240 mil, mais o percentual de 5% sobre os R$ 9 bilhões.
De acordo com o empresário, a própria Erenice participou de uma
reunião na Casa Civil com os representantes da EDRB em novembro do ano
passado. A reunião, segundo ele, foi agendada por Vinicius Castro,
ex-assessor da Casa Civil e cuja mãe é sócia da Capital Assessoria.
Vinicius pediu demissão no início da semana.
Segundo Rubnei Quicoli, as negociações com a empresa de Israel Guerra
foram desfeitas em março sem que o empréstimo do BNDES tivesse sido
concedido. Na edição desta semana, a revista Veja mostrou que a Capital
Assessoria atuou também no ramo de transporte de carga aérea.
Fonte: João Domingos - O Estado de S.Paulo
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