Tucano contou ter dito a Lula que havia uma 'armação' envolvendo a quebra de sigilo de sua filha Verônica
Em entrevista exclusiva concedida ao iG nesta
sexta-feira, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra,
afirmou ter avisado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre uma
suposta quebra de sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra. A
conversa, segundo o tucano, aconteceu em janeiro deste ano, na mesma
ocasião em que contou ao presidente que planejava representar o PSDB nas
eleições presidenciais. No entanto, Serra poupou Lula na hora de cobrar
providências. E, mais uma vez, jogou a responsabilidade sobre o
vazamento de informações da Receita Federal sobre sua adversária Dilma
Rousseff (PT).
“A campanha é de responsabilidade da candidata. E as pessoas que ela
escolhe são de responsabilidade dela. Qualquer pessoa que lê as coisas
na imprensa vê que houve um envolvimento. Houve ato criminoso de quebra
de sigilo com fins políticos eleitorais que são óbvios. Isso vem desde o
ano passado”, afirmou Serra. “Ela (Dilma) é responsável, sem dúvida nenhuma. Você é responsável pelo que acontece na sua campanha”, completou.
Serra confirmou a informação do jornal Folha de S.Paulo de que ele avisou Lula sobre a quebra de sigilo de Verônica. “Eu disse a ele (Lula)
que havia uma armação contra familiares meus, inclusive no blog do
Lula, no blog da Dilma, dos amigos do Lula. E que tinha inclusive
elementos de quebra de sigilo. Eu estava preocupado e passei cópia para
ele disso em janeiro”, afirmou. “Mas só se confirmou a quebra agora. Eu
suspeitava”, completou.
Como fez no programa eleitoral veiculado ontem à noite na televisão,
Serra voltou a comparar o caso à campanha de 1989, quando o então
candidato Fernando Collor de Mello, hoje senador e postulante ao governo
de Alagoas, exibiu uma entrevistas em que uma ex-namorada de Lula
falava sobre um suposto pedido de aborto. “Como o Collor fez exatamente
com o Lula, eles (os petistas) fizeram a mesma coisa”, afirmou.
Questionado por que não trouxe o assunto à tona em janeiro, Serra
justificou-se dizendo que, na época, não tinha provas da alegação.
“Apenas havia suspeitas de que havia quebra de sigilo por dados que eram
publicados nesses blogs sujos que vocês todos conhecem”, afirmou.
Segundo o tucano, cabe ao presidente lidar com “Esse é problema dele.
Se ele podia ou não, é o Lula que pode dizer. Eu não o intimei. Eu não
tinha provas. Eu não revelei a ele algo que estivesse acontecendo. Eu
revelei algo que podia estar acontecendo. E também o meu profundo
desagrado por utilizar meus filhos”, disse. “Não pedi a ele para tomar
providências”, reiterou.
Serra acusou a Receita Federal e o governo de "fazer corpo mole" e de
comandar uma "operação abafa" nas investigações sobre a violação de
sigilo. Serra, porém, é comedido quando questionado se o presidente Lula
devia tomar medidas mais drásticas. "A responsabilidade maior sempre é
(do presidente), mas não estou dizendo que foi Lula que mandou fazer
isso", disse. "É o que se espera (que ele possa atuar para resolver)",
completou.
Fonte: Adriano Ceolin e Nara Alves - iG
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