O vaqueiro José Francisco da Silva, de 45 anos, e sua
mulher, Vera Lúcia, de 44, nasceram em Garanhuns (PE), a terra do
presidente Lula. Há 17 anos vieram para São Paulo, capital, e há 12
instalaram-se em Aparecidinha, na zona rural de Sorocaba, onde trabalham
numa fazenda. Eles conhecem primos de Lula, e votaram nele para
presidente. "Tem que ajudar o conterrâneo", brinca Silva. Dessa vez, no
entanto, preferem Serra para presidente e Alckmin para governador.
"Eu acho que deveria ser o Serra", diz o vaqueiro. "Ele pode fazer
alguma coisa." Vera, que está grávida de quatro meses do quarto filho,
cita uma clínica que ela frequenta e também as creches construídas em
Sorocaba, 90 km a oeste de São Paulo. Eles não sabem distinguir o que
foi feito por Serra quando ministro da Saúde e governador de São Paulo,
por Alckmin, que o antecedeu, ou pelos prefeitos tucanos que administram
Sorocaba desde 1996. Mas têm uma impressão geral de que esses políticos
têm feito um bom trabalho.
"Nas outras eleições votei em Lula, porque eu fui metalúrgico", conta
Jorge Pereira, de 49 anos, hoje administrador de um haras em Sorocaba.
"Agora vou votar no Alckmin e no Serra. Aquela "Elisa" lá, não sei, a
turma comenta que ela é muito..." diz Pereira, trocando o nome de Dilma,
e sem conseguir defini-la. Pereira afirma que votou no atual prefeito
tucano, Vítor Lippi, "porque ele é médico". E que tanto Lippi quanto seu
antecessor, Renato Amary, atualmente deputado federal, "fizeram alguma
coisa em Sorocaba". Em 2008, Lippi reelegeu-se no primeiro turno, com
79% dos votos válidos.
Depois de ter sido administrada entre 1996 e 2004 pelo petista Gilmar
Dominici, Franca, 400 km a nordeste de São Paulo, foi para as mãos do
PSDB, do prefeito Sidnei Franco da Rocha. Na eleição presidencial de
2002, Franca foi a cidade administrada pelo PT com a segunda maior
vantagem de Serra sobre Lula. A primeira foi São Paulo, na época sob a
prefeita Marta Suplicy. Sidnei se reelegeu em 2008 com 67% dos votos
válidos.
Muitos moradores criticam a administração de Dominici. "Gilmar
conseguiu destruir Franca", acusa Edgardo Vilioni, de 45 anos, professor
de educação física na rede municipal. "Ele só pegava gente filiada ao
PT, fez financiamento para pagar salário, deixou as ruas esburacadas",
enumera. "O atual prefeito está dando um banho de administração. Abriu
avenidas, trouxe mais indústrias." Durante seu primeiro mandato, venceu o
contrato da cidade com a Sabesp. Sidnei negociou e recebeu R$ 30
milhões, que investiu no recapeamento das ruas, na abertura e
alargamento de avenidas.
"Na nossa região não se sentiu a onda vermelha", constata Roberto
Engler, que disputa o sexto mandato de deputado estadual pelo PSDB, e
atua em 52 cidades do nordeste paulista. Engler, com uma campanha muito
bem estruturada, pede votos para Serra e Alckmin. Mas ele reconhece:
"Não tem como não admitir que nunca teve uma pessoa como Lula na
história do Brasil. Ele consegue provar que água é pedra."
Fonte: O Estado de S.Paulo
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