O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, foi
preparado por uma equipe de oito pessoas para responder a ataques da
adversária Dilma Rousseff (PT), a respeito de sua participação no
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Na avaliação dos tucanos,
a petista vai criticar a gestão FHC e compará-la aos números positivos
do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A armadilha, segundo integrantes
da campanha, será associar Serra a “passivos” do governo anterior.
Os estrategistas da campanha também querem que Serra não seja
agressivo. Avaliam que o ideal é que o candidato seja “light”,
aproveitando a experiência que adquiriu nas eleições anteriores para
esbanjar segurança e clareza.
Serra se reuniu nas noites de sábado e de domingo, em seu escritório
em Pinheiros, na capital paulista, com os marqueteiros Luiz Gonzalez e
Woile Guimarães, o estrategista Felipe Soutello, a coordenadora da
campanha na internet, Soninha Francine, e o sociólogo Eduardo Graeff
para discutir o debate.
Também estavam no grupo integrantes da equipe do tucano no Palácio
dos Bandeirantes e na Prefeitura de São Paulo. Levaram dados da gestão
de Serra na capital e no Estado – avalia-se que grande parte das
críticas da adversária será dirigida à administração Serra em São Paulo.
Na noite de ontem, estava previsto outro encontro para definir pontos do debate, como as perguntas que o tucano fará à petista.
Os tucanos querem explorar temas polêmicos para o PT, como a relação
do partido com o Movimento dos Sem-Terra. Mas a avaliação dos tucanos é
que as perguntas desse assunto não devem ser feitas diretamente por
Serra para não soar provocação. A tese é de que esses temas surgirão
naturalmente, colocados pelos outros candidatos ou pelos jornalistas
presentes no encontro. Serra, avaliam, deveria aproveitar os momentos de
tréplica para lançar assuntos sobre os quais Dilma não poderá dar a
palavra final.
A orientação é evitar confronto e ganhar espaço, em um debate ameno,
para ser propositivo. Segundo assessores, Serra tem de mostrar que “tem
mais ideias, que as ideias são concretas e que tem mais experiência para
governar melhor”. Para isso, dizem, o ambiente de confronto não
ajudaria o candidato.
Os próprios tucanos, no entanto, fazem uma ponderação. Um debate, por
mais calculado que seja, nem sempre transcorre do modo esperado. E, às
vezes, a troca de acusações foge do controle. De qualquer maneira, serão
feitas pesquisas qualitativas no decorrer do programa. A reação dos
grupos servirá para balizar o comportamento de Serra no debate.
Fonte: Julia Duailibi e Christiane Samarco - Estadao.com
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