Serra diz que programa eleitoral deveria ser de improviso


Serra participa nesta segunda-feira de uma sabatina no Memorial da América Latina em São Paulo


Foto: Fernando Borges/Terra

"Horário eleitoral é tudo, menos gratuito", afirmou nesta segunda-feira (9) o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, em sabatina no Memorial da América Latina."A campanha parlamentar é muito custosa, pelo desespero de pegar votos numa base eleitoral grande", afirmou o tucano após defender o voto distrital puro. 

O tucano sugeriu que os candidatos tivessem um tempo determinado na TV para falar sobre suas propostas "preferencialmente que fosse de improviso". O tucano apresentou a ideia de transformar o horário eleitoral numa coisa mais simples. "O candidato, a câmera e a apresentação de suas propostas. É chato? É chato, mas política é chata", brincou. "Com isso a gente elimina os altos custos e impede que candidatos sejam vendidos como iogurte", completou. 

Serra ainda aproveitou para alfinetar sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff, ao dizer que o atual horário eleitoral permite a possibilidade de esconder o candidato: "Quem ele realmente é, ou o que realmente pensa". No entanto, o tucano disse não defender o financiamento público porque o paralelo pode continuar."Tem que começar diminuindo custos para diminuir pretextos que legitimem esse processo todo", disse. 

De acordo com o candidato, o jeito de governar é uma questão "crítica no Brasil". "Cada vez mais nos envolvemos na recuperação das piores práticas políticas. (...) ao longo dos anos 1990 foi experimentando experiências positivas (...) mas voltamos atrás". Para exemplificar, acrescentou: "a utilização do governo, da máquina estatal e órgãos governamentais para servir a interesses privados, sejam sindicais, partidários, de grupos ou pessoais".
Citando como exemplo o caso dos Correios, ele apontou que o País precisa estatizar os órgãos governamentais e fazer com que sirvam ao interesse público e não ao privado."Os Correios foram arrebentados agora pelo loteamento político e isso se aplica ao conjunto do setor público governamental. As agências foram transformadas em órgãos dos partidos", disse. "Essa critica vale para toda a administração (...) É perfeitamente possível governar de outra maneira¿, garantiu, para depois criticar veladamente o governo atual: "esse é um problema de valorização do voto". 

O candidato voltou a defender o voto distrital puro nos municípios com mais de 200 mil eleitores, com segundo turno. Serra foi aplaudido. No documento apresentado pelas associações aos candidatos estava manifestada a defesa do voto distrital misto. Com ponderações, Serra defendeu o distrital puro."Isso vai abrir caminho no sistema eleitoral brasileiro (...) não adianta ter pressa", afirmou, para depois ressaltar que "dá para fazer no começo do governo". 

Serra começou seu discurso elogiando o documento das Associações Comerciais:"envolve o Brasil como um todo (...) esse documento vai ajudar a governar o Brasil". Estavam presentes na plateia os candidatos ao governo paulista Geraldo Alckmin e seu vice Guilherme Affif, e ao Senado Orestes Quércia e Aluysio Nunes. 

À exceção de Dilma Rousseff (PT), participaram do encontro "Candidatos à Presidência falam aos empreendedores do Brasil", Plínio de Arruda Sampaio (Psol), Marina Silva (PV) e José Serra. O evento foi organizado pela Associação Comercial de São Paulo, Facesp e CACB.

Fonte: Marcela Rocha- Terra

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