O presidenciável tucano reponsabilizou também o governo federal sem, no entanto, mencionar o nome do presidente Lula
Em um duro discurso, o candidato do PSDB à
Presidência, José Serra, acusou nesta quinta-feira, 19, o governo federal
e o PT de tentarem, nos últimos anos, intimidar e censurar a imprensa,
durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela Associação
Nacional de Jornais no Rio de Janeiro.
Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra disse que as
tentativas de censurar o setor de comunicação social se dão de três
formas. A primeira, segundo, ele, é a "democrática entre aspas", pela
realização de conferências como as de Comunicação, Direitos Humanos e
Cultura, que, afirmou, "se voltaram de fato para o controle da nossa
imprensa, através do suposto controle da sociedade civil."
"Quantas pessoas participam dessas conferências? Quinze mil? Vinte
mil? Isso não representa o povo brasileiro. Representa um partido e
setores que revelaram uma certa porosidade. São feitas com dinheiro
público, são de um partido e de frações de um partido, do PT", afirmou
ele, acrescentando que esses encontros geraram cerca de 600 projetos de
lei que estão no Congresso.
Serra também acusou o governo de tentar intimidar o setor de
comunicação, pela ameaça de restrições à publicidade de certos produtos,
e denunciou a existência de um suposto patrulhamento exercido contra
profissionais de imprensa. O candidato também criticou a TV Brasil,
mantida pela estatal Empresa Brasil de Comunicação, e criticou a Lei
Eleitoral, que, afirmou, impõe um "isentismo" obrigando jornalistas a se
preocupar com versões, não com fatos.
O candidato admitiu que às vezes reclama da ação da imprensa, mas
afirmou que não o faz com o ânimo de quem quer censurar. "É muito
diferente de ter um aparelho de Estado que se organiza para trazer sob
seus desígnios o jornalismo, usar a opressão do Estado através de
pronunciamentos, de pressão econômica, pressão de chantagem, pressão de
patrulhamento em favor de um partido", atacou.
Depois do discurso, Serra assinou a Declaração de Chapultepec
(documento lançado em 1994 no México em defesa da liberdade de imprensa)
e, em entrevista, se recusou a responder a perguntas sobre as críticas
que fizera ao PT e ao governo no discurso. A candidata do PT, Dilma
Rousseff, é esperada para participar do encontro à tarde. Marina Silva
(PV) irá amanhã ao encontro.
Fonte: Wilson Tosta e Felipe Werneck - O Estado de S.Paulo
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