Ex-diretor e ex-assessor da presidência da Previ (fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil), Gerardo Xavier Santiago diz que o
fundo funciona como "fábrica de dossiês" contra a oposição do governo
Lula e máquina de arrecadação para o PT.
Gerardo foi gerente executivo da Previ entre 2003 e 2007, sendo ligado
diretamente ao ex-presidente do fundo Sérgio Rosa, que deixou o cargo em
maio de 2010. Gerardo saiu da Previ após brigar com Rosa em 2007 e
deixou o PT no mesmo ano.
As declarações sobre a espionagem foram feitas à revista "Veja" desta
semana. À revista ele afirma que o fundo é "um bunker de um grupo do PT"
e que "a Previ está a serviço de um determinado grupo muito poderoso,
comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João
Vaccari Neto".
Segundo revelou a Folha neste mês, um dossiê sobre a filha do
ministro Guido Mantega foi feito por essa ala do PT, ligada ao
sindicalismo bancário. O Planalto atribui o dossiê ao grupo de Rosa, que
perdeu espaço na campanha de Dilma Rousseff.
"Estranharia se na minha época tivessem me pedido coisa semelhante
contra o [Guido] Mantega. Uma coisa é fazer com o adversário. É uma
involução do PT por causa da disputa interna", afirmou Gerardo à Folha.
O ex-diretor do fundo, que também já foi do Sindicato dos Bancários do
Rio, confirmou as declarações à revista. Ele afirmou que, além de montar
dossiês, a Previ também serviu a interesses do partido para aumentar a
arrecadação. Segundo ele, a Previ montou uma rede de conselheiros
ligados ao PT em empresas nas quais o fundo tem participação. A intenção
era influenciar as doações das companhias para beneficiar o partido.
Santiago diz que o primeiro dossiê produzido por ele na Previ é de 2002,
no governo Fernando Henrique Cardoso. O material, que teria sido
levantado por um grupo de petistas, deveria, segundo ele, comprometer a
gestão tucana e provar a ingerência do governo na Previ.
"Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários
políticos, só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa", diz o
ex-diretor à "Veja".
Santiago lista os oposicionistas do atual governo que teriam sido
investigados com base em documentos sigilosos, cujo acesso teria sido
determinado por Rosa: o então senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA),
já morto, o então governador José Serra (PSDB) e o então presidente do
DEM Jorge Bornhausen.
O ex-diretor afirma na entrevista que reuniu denúncias a respeito desses
nomes no fim de 2005, na CPI dos Correios. Segundo ele, Rosa solicitou
"informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem
ligados a políticos da oposição".
Procurado pela Folha, o PT não se manifestou até a conclusão desta edição. Ninguém da Previ foi localizado para comentar as acusações.
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