Miguel Ethel Sobrinho presidiu a Caixa Econômica e foi conselheiro da fundação do senador
A transação entre a governadora do Maranhão,
seu marido e o Banco Santos envolveu ainda mais um aliado da família
Sarney: Miguel Ethel Sobrinho, ex-presidente da Caixa Econômica no
governo de José Sarney e, até o ano passado, conselheiro da fundação que
leva o nome do presidente do Senado.
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Roseana lavou dinheiro, indicam papéis
Miguel Ethel detém 50% da Participa Empreendimentos, empresa que
vendeu as ações dos shoppings São Luís (MA) e Nova América (RJ) à
Bel-Sul, empresa administrada por Jorge Murad. Segundo o processo de
empréstimo, a Bel-Sul compraria, na época, 5% das ações da Participa no
Nova América e 10% da sociedade dela no empreendimento de São Luís.
O ex-presidente da Caixa e seu sócio, Walter Luiz Teixeira, foram
denunciados em 2007 pelo Ministério Público Federal por lavagem de
dinheiro e sonegação fiscal. Foram alvos da Operação Kaspar 2, que
desmontou um esquema de remessa irregular de dólares ao exterior
envolvendo bancos, doleiros e empresas.
A expressão "W Teixeira" aparece no campo "assunto" na conversa
eletrônica - que está nos arquivos do Banco Santos - trocada entre
Edemar Cid Ferreira e sua secretária Vera Lucia no dia 3 de agosto de
2004 sobre os dólares transferidos por Roseana e Murad no exterior.
O processo sobre a falência do banco mostra que a secretária era
responsável por cuidar de boa parte das operações comandadas pelo
próprio Edemar.
Participação pessoal
Os documentos obtidos pelo Estado mostram ainda que
Roseana Sarney, então senadora, participou pessoalmente da operação
financeira. Ela assina o empréstimo como representante da Bel Sul, ao
lado do marido, e como avalista da cédula de crédito bancário.
De acordo com o processo financeiro obtido pelo Estado,
o dinheiro foi liberado no dia 29 de julho de 2004, mas só em 2007 a
empresa da família Sarney começou a pagá-lo. Foram oito TEDs
(transferências eletrônicas) entre 15 de janeiro de 2007 e 26 de
fevereiro deste ano para quitar a transação no Brasil.
Segundo ex-diretores do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira precisava
de dólares no exterior nos meses que antecederam a quebra do banco, em
novembro de 2004. Operação semelhante, por exemplo, realizou em agosto
daquele ano com a Odebrecht, segundo o processo de falência do Banco
Santos.
Em troca do acordo com a família Sarney, Edemar Cid Ferreira teria
acertado devolver os recursos à Bel-Sul durante o pagamento das
prestações. Segundo ex-funcionários próximos a Edemar, ele acreditava,
naquele período, que ainda poderia salvar o Banco Santos.
Hoje, Roseana, candidata à reeleição, não é mais sócia da Bel-Sul.
Passou sua participação à filha, Rafaela. A administração continua nas
mãos do seu marido, Jorge Murad.
Em 2002, Roseana perdeu a chance de disputar a Presidência da
República depois do "escândalo Lunus", quando uma operação da Polícia
Federal encontrou R$ 1,3 milhão na empresa Lunus, também de Roseana e
seu marido.
Na época, Jorge Murad assumiu a responsabilidade pelo dinheiro e afirmou que os recursos seriam usados na campanha da mulher.
Fonte: Leandro Colon - O Estado de S. Paulo
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