Folhateen - Jovens em campanha


NA SEMANA DO DEBATE DA FOLHA COM OS PRESIDENCIÁVEIS, O FOLHATEEN APRESENTA OS JOVENS QUE ABRAÇARAM CADA CAMPANHA

Da esq. para a dir., João, Gabriel, Rodrigo, Paulo e Vinícius (sentado) farão campanha para Serra (PSDB)


Existe uma turma que, nos próximos meses, vai ralar muito, ter vida social restrita, namorar pouco, gastar a garganta para convencer pessoas com opiniões diferentes das suas e, por incrível que pareça, estará feliz com isso.

É a galera que vai arregaçar as mangas para ajudar nas campanhas dos candidatos à Presidência Nas eleições deste ano.

Alguns vão contribuir de maneira simples, divulgando as propostas dos candidatos nas escolas ou mesmo tentando convencer os amigos a darem a eles os seus votos. Os mais engajados, no entanto, vão fundo no lance.


É o caso do estudante João Antônio Cardoso, 17. Membro da Juventude do PSDB, durante toda a campanha ele vai bater cartão no comitê central do partido, em São Paulo. E o expediente não é para qualquer um.


"Saio direto da escola e venho para cá. Se precisar virar a noite aqui, tudo bem", diz.

INTERNET


Numa eleição em que todos os candidatos estão apostando alto na internet como ferramenta de comunicação, ficou bem mais fácil para os jovens participar.


"Fico ligada o dia inteiro no Orkut e no MSN. No Twitter, coloco um "Vote Marina", e meus seguidores vão atrás e saem espalhando para os seguidores deles", diz a estudante Danielly Sampaio, 16.


"Acho que estas eleições serão o "tudo ou nada" nos jovens", aposta a estudante.


O cientista político Marco Aurélio Teixeira, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), avalia que está aí a grande novidade desta campanha.


"Estas ferramentas eletrônicas, como o Twitter, dão uma resposta imediata e uma possibilidade de conversar diretamente com o candidato", explica. "Isso seduz muito o público jovem", acredita.


Apesar de a internet ter levado a garotada para uma posição de destaque, o número de jovens que vai efetivamente votar diminuiu.


Segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, o número de eleitores de 16 e 17 anos -faixa em que o voto é opcional- caiu quase 7% em relação às últimas eleições, em 2008.


"Pode ser sinal de desmotivação para atuar na política via voto", avalia a socióloga Anna Luiza Salles Souto, coordenadora do Instituto Pólis, que realiza pesquisas sobre a participação dos jovens na política.


"Mas não é verdade que o jovem está desconectado. Existem várias formas de manifestação e de participação. O voto é apenas uma delas."

Na semana do debate da Folha com Dilma, Marina e Serra, que acontece na próxima quarta (18/8), às 10h30, com transmissão ao vivo pelo UOL, o Folhateen conversou com estudantes engajados nas quatro principais candidaturas. Como vai ser sua participação? O que eles acham da força da juventude nestas eleições? E o que pensam sobre quatro questões polêmicas: descriminalização das drogas, legalização do aborto, união civil entre pessoas do mesmo sexo e cotas raciais nas universidade?

Apesar de terem pontos de vista diferentes, eles têm duas certezas em comum: acreditam que vão fazer diferença e que o seu candidato é quem vai ser o próximo presidente do Brasil.


Para teens tucanos, "política é destino"
 
"Somos um pouco loucos. Na nossa idade, quantos jovens estão fazendo o que a gente faz?", pergunta o estudante Paulo Mathias, 19.

A "loucura" que tomou conta dessa turma foi entrar de cabeça na campanha do candidato José Serra.

O estudante João Antônio Cardoso, 17, por exemplo, não tem dúvida sobre a que se dedicará mais neste ano: à campanha ou à preparação para o vestibular. "Se eu não passar no vestibular neste ano, tento no ano que vem. Já com o Serra, a hora é agora."

A dedicação dessa turma tem história. Aos 16 anos, Gabriel Carmona já está na sua quarta campanha. "Comecei aos oito anos distribuindo material de uma candidata."

Eles dizem que a opção pelo PSDB desperta críticas de colegas. "Jovens de partidos de extrema esquerda às vezes querem discutir, não na ideia, mas na mão", diz João.

Apesar disso, Paulo avalia que "a ideologia de todos os partidos é bem semelhante".

Além de saber de cor a biografia de Serra, Vinícius Caruso, 17, cita sempre frases de expoentes do PSDB. "Como dizia Montoro, o futuro é agora e se chama juventude."

Eles revelam que é difícil influenciar um jovem no voto. Entre os argumentos que usam para isso está a crítica ao governo de Lula. "O grande trunfo dele foi continuar reformas iniciadas no governo FHC", diz João.

Eles também concordam em outro ponto: "Como dizia Tancredo: política é destino", resume Vinícius.

Fonte: FABIANA GODOY - Folhateen

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