Serra diz que não inventou, mas 'fez acontecer' os remédios genéricos


O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, admitiu na noite de terça-feira, em Palmas (TO), que não foi o inventor dos genéricos, mas sim o responsável por "fazer acontecer" a venda de medicamentos que têm preço inferior, mas seguem o mesmo padrão de qualidade dos remédios com nome fantasia. Em discurso para cerca de dois mil aliados políticos e empresários na casa da senadora Katia Abreu (DEM), o candidato tucano afirmou que o projeto foi de iniciativa do então vice-líder do governo, Ronaldo César Coelho (PSDB).

- Não fui eu quem inventei genérico. O genérico já existia, eu nem sabia quando assumi o Ministério da Saúde. No meu discurso, não tinha a palavra genérico. Um dia, o Ronaldo César Coelho, que é banqueiro e amigo nosso, disse: tem esse negócio de genérico, você não quer dar uma olhada. Eu disse: boa briga, vamos em frente - contou o tucano. 

Na disputa por votos na eleição deste ano, a candidata petista Dilma Rousseff tenta desconstruir a imagem de que Serra detém a paternidade sobre os genéricos. Até Marina Silva entrou na briga e afirmou, na semana passada, que o autor da lei sobre o tema foi o secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, filiado ao PV. 

Serra listou ainda o programa de DST/AIDS como outra iniciativa de sua gestão à frente do Ministério da Saúde, porém idealizada por outras pessoas.

- Toquei o programa da AIDS para acontecer na prática, mas não foi ideia minha. Algumas coisas eu tive ideia. Por exemplo, na Saúde, tive a ideia de fazer a vacina da gripe, de fazer mutirões (de saúde). O Instituto do Câncer, um dos melhores da América Latina, foi ideia minha - afirmou. 

O tucano falou ainda que a campanha está repleta de "insultos, mentiras e truques", atribuídos aos adversários. Citou como exemplo uma suposta atuação de grupos petistas de São Paulo, que estariam disseminando a informação de que o tucano teria planos de privatizar a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). ( PSDB quer evitar rótulo de 'candidato da direita' em Serra )
- A grande dificuldade que tenho nessa campanha é debater ideia. De resto, é só mentira insulto e truques. 

Dizem uma coisa que você não dizem, que vai fechar isso, que vai fechar aqui. (A minha prima) me mandou um e-mail dizendo que foram lá (no Ceagesp) espalhar que vou privatizar o Ceagesp. Nunca tive esta ideia, até porque já é privatizado, só a administração é pública - provocou, antes de criticar o suposto uso político da Ceagesp por segmentos petistas. 

O candidato ainda citou a quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e o suposto dossiê que teria sido montado por integrantes da campanha petista, afirmando que tem um "jogo" em curso para manchar o debate eleitoral: 

- É para não ter debate no Brasil. Porque debate é uma coisa perigosa. Tem que conhecer, tem que ver o que cada um fez na prática, de verdade, e por aí vai.

Antes de encerrar o discurso, o tucano ainda lembrou que a eleição para o governo do estado em 2006, em que ele venceu no primeiro turno, foi a "mais fácil da vida", e desqualificou seu adversário à época, o senador Aloizio Mercadante (PT). 

- Ganhei com o pé nas costas, até porque o candidato do PT era fraco, sem credibilidade - apontou Serra. 

Fonte: Roberto Maltchik - OGlobo.com

Comentários