Serra diz que Estado foi loteado entre partidos e acusa governo Lula de ter criado "república sindicalista
" Privatizar aqui não é vender para uma área privada, é ver um órgão estatal ser apropriado por interesses partidários "
- A partidarização (do Estado) é evidente. Você tem uma empresa boa,
a de Correios e Telégrafos, hoje no chão justamente por causa do
loteamento político. Isso prejudica a empresa, que tem bons
funcionários,que tem que permanecer estatal. Isso porque foi entregue a
um grupo que não tem nada a ver com a finalidade da empresa. Isso é
geral, no Estado brasileiro inteiro. Tudo loteado, dividido, tudo
privatizado. E privatizar aqui não é vender para uma área privada, é ver
um órgão estatal ser apropriado por interesses privados, partidários.
" O que vemos é uma partidarização frenética do Estado brasileiro "
O tucano comparou o aparelhamento do Estado às críticas feitas
durante o governo do ex-presidente João Goulart, que ocupou o cargo
entre 1961 e1964.
- O que vemos é uma partidarização frenética do Estado
brasileiro. Está tudo aparelhado. Em 1964 falavam da República
sindicalista do Jango. Brincadeira. Conheci todos no exílio. Eram
anjinhos - disse Serra em discurso.
" Agora, tem uma República sindicalista "
- Não tem nada a ver com o que acontece agora. Agora, tem uma
República sindicalista. É uma elite sindical alinhada ao governo pelo
dinheiro para fazer um trabalho político partidário - acrescentou o
tucano.
O candidato reiterou que se for eleito vai "estatizar o Estado
brasileiro".
- Isso é essencial para acabar com a corrupção - ressaltou.
Serra afirmou ainda que o governo Lula usa estatais para fins
políticos na área cultural. Para ele, a Petrobras lidera a estratégia do
presidente.
Serra
chegou ao encontro por volta das 23h e cumprimentou cada um dos
presentes. Foram convidados mais de 300 artistas e intelectuais de
diversas áreas, como música, teatro, TV, cinema e literatura. Mas menos
de 150 pessoas foram ao local. Entre eles, os atores Carlos Vereza,
Stephan Nercessian, Maitê Proença, e Rosa Maria Murtinho; os músicos
Fausto Fawcet, Charles Gawin, Sandra de Sá; os cineastas Zelito Viana e
Andrucha Waddington; o humorista Marcelo Madureira; e o escritor Iva
Junqueira, entre outros. Muitos chegaram a afirmar que foram ao encontro
para ouvir as propostas do candidato para o setor. Serra, no entanto,
limitou-se a pedir que os convidados enviassem sugestões para serem
debatidas.
Em um discurso longo, ele lembrou do seu envolvimento com a
cultura quando era dirigente estudantil - época em que conheceu o poeta
Ferreira Gullar, seu amigo, que ficou o tempo todo ao seu lado - e de
projetos elaborados na época em que foi prefeito e governador de São
Paulo. Ele defendeu que o Estado divida com a sociedade as decisões
relativas aos incentivos à indústria cultural e afirmou que não basta a
Lei Rouanet para fomentar o setor.
" Tem que se diversificar as fontes de financiamento. Não basta a Lei Rouanet "
- Para mim, um aspecto básico da cultura é a diversidade. Nessa
perspectiva, acho que as decisões a respeito de projetos culturais
deveriam ser diversificadas. Deveriam ser tomadas por empresários,
artistas, governo, organizações da sociedade, ONGs. Não deveria haver um
centro de decisões tutelando isso pois esse é um trabalho que deve ser
feito em conjunto, mesmo com todos os problemas e contradições que isso
acarreta. Tem que se diversificar as fontes de financiamento. Não basta a
Lei Rouanet. É preciso de recursos maiores que cheguem de alguma outra
forma. Na prefeitura da capital, duplicamos o orçamento para a Cultura.
No Governo, triplicamos. Aproveitamos a Lei Rouanet, mas também fizemos
isso criando fundos, incentivos - disse o candidato aos convidados.
Além dos artistas e intelectuais, estiveram presentes ao
encontro o candidato a vice na chapa de Serra, o deputado federal Indio
da Costa (DEM); o candidato do PV ao governo do Rio, Fernando Gabeira; o
candidato do PPS ao Senado, Marcelo Cerqueira; e o deputado federal
Marcio Fortes (PSDB). Serra deixou o restaurante por volta de 1h30m.
Fonte: Natanael Damasceno - O GloboReuters
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