Obedecendo ao calendário eleitoral, candidatos do PT e PSDB devem entregar nesta segunda ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um resumo das suas propostas de governo; a candidata do PV expôs na internet sete diretrizes básicas que orientarão o seu plano
Os candidatos à Presidência já definiram as linhas
gerais de seus programas de governo. O PSDB vai dar ênfase à economia,
apresentando José Serra como o "presidente da produção". A petista Dilma
Rousseff destacará a manutenção e ampliação de programas sociais.
A definição dos programas foi acelerada nos últimos dias, devido à
nova resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que obriga os
partidos a apresentar, no ato de registro das candidaturas, o programa
dos candidatos ou pelo menos um resumo das propostas. O PT e o PSDB
devem entregá-las nesta segunda-feira, 5 - último dia para o registro,
de acordo com o calendário eleitoral.
A candidata Marina Silva, do PV, que oficializou a candidatura na
semana passada, expôs na internet as sete diretrizes básicas que
orientarão seu programa de governo. Ela aponta a educação como
prioridade básica e orçamentária, afirmando que o Brasil precisa de um
esforço emergencial para enfrentar a escassez de trabalhadores
qualificados em áreas estratégicas.
O texto que serviu que base para a definição do programa do
candidato tucano, um calhamaço de quase 90 páginas, foi dividido em
quatro blocos transversais, que podem ser lidos como capítulos: ação
política, desenvolvimento, questão social e, por último, democracia e
cidadania. "Essa é a consolidação da nossa visão sobre Brasil", diz o
coordenador do programa de governo, Xico Graziano.
No capítulo sobre desenvolvimento, o texto destaca que o País não
cresce mais por deficiências na infraestrutura, justamente a área em que
a principal adversária de Serra, a ex-ministra Dilma, explora como
capital eleitoral. Ele também enfatiza a falta de uma estratégia de
desenvolvimento e o baixo nível de investimentos públicos. Na sequência,
o programa apresenta políticas destinadas a mudar esse cenário e a
criar mais empregos, apresentando o candidato tucano como o "presidente
da produção".
Social. As propostas de Dilma a serem entregues ao
TSE são um a cópia fiel de tudo que ela e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva vêm falando a respeito de um eventual governo da petista. Elas
estão divididas em oito temas. O primeiro é que o governo Lula mais
valoriza, os programas sociais, que, de acordo com Dilma, já tiraram 24
milhões de pessoas da pobreza só nos últimos sete anos e meio.
A petista propõe, ainda, priorizar a qualidade da educação,
melhorando os salários dos professores e aumentando o número de bolsas
de estudos para que os alunos sejam mantidos nas escolas, além de aulas
informatizadas com acesso à banda larga. Ela anuncia uma reforma urbana,
com participação dos governos federal, estaduais e municipais,
destinada a beneficiar sobretudo os mais pobres.
Dilma deve manter a política econômica, prometendo realizar a
reforma tributária que não aconteceu no governo Lula.
Sustentável. Marina, que concorre pelos verdes,
também deve manter a política macroeconômica do atual governo. Mas
pretende, na mesma linha de Serra, reduzir o nível de endividamento do
setor público e aumentar a capacidade de investimento do Estado.
Uma das chaves no texto com as sete diretrizes programáticas de
governo de Marina é a palavra sustentável - aplicada em quase todos os
capítulos. Na área econômica, significa tanto a absorção de novas
tecnologias de baixo carbono, quanto a criação de fundos para financiar o
desenvolvimento próprio.
Ela promete manter e ampliar os programas sociais, ao mesmo tempo
em que fala na necessidade de avançar. "O objetivo é superar a pobreza
por meio da garantia do acesso e da oferta de oportunidades a indivíduos
e famílias para a sua inclusão produtiva na sociedade", diz o texto.
No documento dos tucanos, o bloco que trata da questão dos
programas sociais deve destacar o compromisso do ex-governador de São
Paulo com o ensino profissionalizante - uma das portas de saída vistas
pelo tucano para programas de transferência de renda, como o
Bolsa-Família.
Segurança. As diretrizes do programa de Serra
abordam a questão da segurança no mesmo bloco que trata de democracia.
Isso está ligado à concepção de que o problema da insegurança vai além
da área policial, significando na prática um risco ao pleno exercício da
cidadania.
A candidata do PT deve reforçar os programas de segurança pública
que estão em curso. Ela faz o mesmo em relação ao sistema de saúde
pública, prometendo aprimorar a "eficácia" do Sistema Único de Saúde
(SUS), garantindo mais recursos, reforçando as redes de atenção à saúde e
unificando as ações entre os diferentes níveis de governo.
Em relação à agricultura, Dilma deve evitar o campo da polêmica
entre ruralistas e ambientalistas. A candidata Marina, por sua vez,
afirma que o agronegócio brasileiro deve ser direcionado para o aumento
da produção pelo ganho de produtividade e não pela expansão da fronteira
agrícola. Essa expansão, segundo a candidata do PV, deve ser freada,
principalmente na Amazônia e no Cerrado.
Fonte: Julia Duailibi, Roldão
Arruda e João Domingos - Estadão.com.br
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