O coordenador da campanha de José Serra (PSDB) à
Presidência da República, Xico Graziano, acusou hoje a candidata Dilma
Rousseff (PT) de "insensibilidade ambiental". "É lamentável você pensar
em governar um País sem visão ambientalista, de sustentabilidade",
disse, durante um debate sobre saneamento básico promovido pelo
Instituto Trata Brasil, em São Paulo.
Na avaliação dele, Lula disse uma "bobagem". Ele disse ainda ter sido
pressionado pelas prefeituras de Diadema e de São Bernardo do Campo,
ambas governadas pelo PT, para autorizar o início de obras sem que
estudos de impacto ambiental estivessem concluídos. "Querem fazer o que
se fez sempre antes, tocar o pau sem licença ambiental", disse. "Estamos
colocando em ordem, aqui tem lei, tem regra, a visão ambiental do
processo é importante", afirmou.
A avaliação de Graziano foi endossada pelo coordenador da campanha de
Marina Silva (PV), João Paulo Capobianco. Para ele, que foi
secretário-executivo do ministério do Meio Ambiente na gestão de Marina
Silva, o programa Minha Casa Minha Vida, coordenado por Dilma, tem
"problemas gravíssimos" e estimula a construção de "puxadinhos" em áreas
de risco e mananciais, uma vez que não exige nenhum tipo de documento
que comprove que a construção é regular.
"O programa atende a uma necessidade básica da população sem nenhum
critério, sem estar vinculado a um projeto de planejamento urbano",
disse. "O governo não pode ter a irresponsabilidade de dar crédito a
qualquer um de qualquer maneira, trata-se de um crescimento desordenado
financiado pelo poder público", acrescentou Capobianco.
O coordenador da campanha de Marina ressaltou que estava criticando o
modelo adotado pelo governo. "Você pode sim condicionar o crédito a uma
regularização, não quer dizer que você tenha de estar regular, mas tem
de estar se regularizando, e tem que haver um processo para checar
isso", defendeu Capobianco.
Defesa
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), coordenador da campanha de
Dilma, defendeu a candidata das críticas de Graziano. De acordo com ele,
trata-se de uma reação ao posicionamento de Dilma nas pesquisas
eleitorais.
Na última pesquisa Vox Populi, divulgada na sexta-feira, 23, Dilma
está com 41% das intenções de votos, oito pontos à frente de seu
principal adversário, José Serra (PSDB). Na pesquisa Datafolha,
divulgada no sábado, 24, Dilma e Serra estão em empate técnico,
respectivamente com 36% e 37%.
"Não tem me agradado nos últimos dias algumas situações que são
feitas de desqualificação pessoal, não é a orientação da nossa
campanha", afirmou. "Vamos fazer a crítica e a análise comparativa e
política", acrescentou. Para Cardozo, a desqualificação pessoal ocorre
porque "as pessoas estão sem discurso e desesperadas".
Programa
Sobre o programa Minha Casa Minha Vida, Cardozo avaliou como inviável
a apresentação de documentos que comprovem a situação regular de um
imóvel para que ele seja expandido. "Em São Paulo, 80% dos imóveis não
estão regularizados", calculou. "A periferia toda está irregular e os
restaurantes dos Jardins também", afirmou.
Na avaliação dele, a legislação muitas vezes é "perversa" nesses
casos e "privilegia a corrupção e o achaque dos fiscais". "Você tem que
ter a visão social da questão, só liberar crédito para quem estiver
regularizado mata as políticas sociais."
Para Cardozo, as críticas de opositores ao programa são naturais.
"Pessoas de baixíssima renda poderão, pagando apenas uma pequena parte
de sua casa, ter um resultado fantástico", explicou. "É natural que isso
traga uma situação social muito favorável ao atual governo e à
candidata Dilma Rousseff", acrescentou.
Fonte: ANNE WARTH - Agência Estado
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