O presidenciável tucano disse ser favorável a uma negociação para a estadualização de BR´s
O candidato do PSDB à Presidência, José
Serra, criticou nesta quarta-feira, 28, a situação da malha rodoviária
federal brasileira, afirmando que o País está cheio de "estradas da
morte". Serra também atacou o que chamou de loteamento político no
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e se disse
favorável a uma negociação para a estadualização de BR´s, com o repasse
integral para os Estados dos recursos arrecadados com a Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide) - cobrada sobre o consumo dos
combustíveis.
Em visita a Belo Horizonte, onde participou do programa "Minas
Urgente", da TV Bandeirantes, o candidato tucano afirmou que nos últimos
oito anos o governo arrecadou por meio da Cide aproximadamente R$ 65
bilhões, mas apenas 1/3 deste montante teria sido gasto em investimentos
nas BR´s. Segundo ele, de cada 10 rodovias federais, oito estão
"esburacadas".
"Das estradas federais, de cada 10, oito não tem condições de operar.
Está cheio de estrada da morte por todo lugar", afirmou Serra, para
quem o atual "modelo federal não funcionou".
Conforme o candidato tucano, o Dnit é um órgão que atua sem
planejamento e "por critérios puramente político-partidários". Segundo
ele, "totalmente loteado entre políticos", o órgão "serve para
atrapalhar". "Então, a prioridade deixa de ser o interesse nacional,
público, etc e passa ser o interesse político daqui ou dali. Isso comigo
vai acabar", prometeu.
No primeiro compromisso da visita a Minas, Serra elegeu o tema
estradas como parte de sua estratégia de se comprometer com demandas
históricas do Estado, o segundo maior colégio eleitoral do País. Com10
mil quilômetros de estradas federais, Minas possui a maior malha de BR´s
do Brasil. Durante sua gestão, o ex-governador Aécio Neves (PSDB)
chegou a propor à União a estadualização da malha federal no Estado, com
o repasse integral dos recursos arrecadados com a Cide para a
manutenção e outros investimentos. Os Estados recebem apenas uma parcela
da arrecadação da contribuição.
"Sou a favor de uma negociação", disse Serra quando perguntado sobre a proposta.
Ele ressaltou que o Estado é a principal "vítima" da falta de
investimentos nas rodovias federais. Também aproveitou para "anunciar",
caso eleito, a duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador
Valadares. O trecho em pista simples registra elevados índices de
acidentes e mortes. "É um escândalo. É uma coisa que tem de ser
duplicada, estrada da morte. Isso nós vamos pegar logo de cara. Se for
necessário, a gente monta modelos. Um deles depende do governo do
Estado. É transferir para o Estado algumas estradas dando alguma
contribuição para isso. Porque quando o Estado comanda, você tem mais
flexibilidade para atuar."
O candidato do PSDB citou ainda como opção para a melhoria de algumas
BR´s o modelo de concessões adotado em São Paulo. Mas negou, ao ser
questionado, que tenha a intenção de privatizar as rodovias federais em
Minas. "Uma coisa é fazer concessão, outra é privatizar. Eu acho que em
alguns casos pode fazer concessão. No caso de São Paulo foi feita e 75%
dos usuários consideram ótima ou boa (a malha rodoviária)."
Ideias
Na capital mineira, Serra evitou comentar o acirramento da disputa
com a presidenciável petista, Dilma Rousseff, afirmando que seria "perda
de tempo". Segundo ele, a campanha presidencial está dentro da
expectativa. "É uma campanha difícil, uma campanha bem disputada e eu
espero que ela possa se basear mais em ideias daqui para diante", disse,
se isentando do clima quente da disputa.
"Tenho levantado ideias por todo o lado, inclusive a respeito de
divergências. Por exemplo: outro dia eu disse que a carga tributária no
Brasil é muito alta, ela é a mais alta de todos os países em
desenvolvimento. A ex-ministra Dilma disse que a carga no Brasil é média
e que está muito boa assim. Não era o ideal a gente discutir isso? Mas,
de repente, uma discussão dessas é entendida como ofensa", reclamou.
Empenho
Serra desembarcou em Belo Horizonte na madrugada de quarta-feira, 28.
Antes dos compromissos agendados, ele aproveitou para fazer gravações
para o programa eleitoral, segundo informou Aécio. O ex-governador se
irritou pela manhã, durante uma visita às obras do estádio Mineirão, ao
ser questionado sobre eventuais dúvidas entre tucanos de seu empenho em
favor de Serra.
"Isso é uma bobagem, uma coisa reticente que está beirando já o ridículo."
O presidenciável também reagiu com impaciência e saiu em defesa do
correligionário. "É falta de assunto, é tititi. É claro que quando eu
estou aqui o Aécio está mais ligado em mim do que quando eu não estou.
Isso é normal", disse. "Está havendo pleno empenho, não vejo nenhum
problema não. Estamos indo bem e vamos ganhar aqui."
Salário
Durante o programa televisivo, Serra afirmou que considera correto o
estabelecimento em lei de um piso nacional dos salários dos policiais
militares. Mas evitou se comprometer. "Isso vai depender se tem
dinheiro."
Ele voltou a defender investimentos para o tratamento de dependentes
químicos e a prevenção do uso de drogas. Reafirmou ser contra a
descriminação da maconha e prometeu ampliar o alcance do ensino técnico
no País.
Fonte: Eduardo Kattah - O Estado de S.Paulo
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