Serra diz a ruralistas que será 'presidente da produção'

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou hoje, em reunião com representantes do setor ruralista em Uberaba (MG), que, se eleito, pretende ser conhecido como o "presidente da produção". Serra disse que a agropecuária é o setor mais importante para o País, e que, sem ela, "o Brasil não vai para a frente". Emendou com uma frase repetida em todos os encontros com agricultores e pecuaristas: "a agricultura é a galinha dos ovos de ouro do País e foi a âncora do Plano Real".

De acordo com o ex-governador paulista, desde 1994, quando o Plano Real foi criado, a agropecuária é responsável por segurar a inflação no País. Segundo ele, a inflação de alimentos é metade da inflação geral desde então e o setor agropecuário "salvou a balança comercial do País", numa referência ao fato de as exportações agropecuárias serem as principais responsáveis pelo superávit brasileiro com o comércio exterior.

Na reunião, na sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Serra voltou a fazer críticas a políticas do atual governo. O ex-governador citou problemas com a reforma agrária, o câmbio, a taxa básica de juros e a falta de investimento do setor público. O candidato do PSDB ampliou as críticas e chamou de "fraca" a política de concessões dos serviços públicos. Disse que é importante saber trazer investimento privados para o setor público e cobrou, principalmente em relação aos produtos agrícolas, uma política de comércio exterior mais agressiva.

Antes de seu pronunciamento, Serra recebeu um pedido da presidente da ABCZ, José Olavo Borges Mendes, de políticas contra invasão de terras, alterações no código florestal, investimentos em logística e sanidade. A entidade cobrou ainda que o próximo ministro da Agricultura seja um representante do setor. A cerimônia encerrada no final da tarde, em Uberaba, ao contrário do encontro ocorrido com a candidata e adversária de Serra, Dilma Rousseff (PT), em março, foi aberta aos jornalistas e a todos os representantes do setor, em clima de campanha.

MST
Sobre o pedido de ações contra invasões de terra, Serra voltou a criticar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), considerado por ele como um "movimento político que usa a bandeira da reforma agrária" e que recebe dinheiro do governo federal. O ex-governador paulista voltou a propor uma política de investimentos para que haja a produção agrícola efetiva em assentamentos e cobrou segurança para investimento no País.

Por fim, Serra disse que iria acatar a sugestão do governador de Minas Gerais, Antonio Anastásia (PSDB), que o acompanhou, de se criar um sistema único para desburocratizar questões relativas ao meio ambiente e à produção agrícola. Chamado de presidente tanto por Anastácia quanto por Aécio Neves, que também estava no evento, Serra pediu ao governador mineiro, "após ser reeleito", que formule o projeto do Sistema Único do Meio Ambiente, apelidado por ele de Suma, e a Aécio que o apresente "no primeiro dia de mandato no Senado".

Mesmo com Anastasia e Aécio ainda pré-candidatos, ambos participaram, juntamente com Serra, além do evento na ABCZ, de um corpo-a-corpo com eleitores no calçadão da rua Arthur Machado, no centro da cidade mineira.

Serra evitou mais uma vez falar sobre política, principalmente sobre o nome do seu candidato a vice-presidente. Ele considerou normal em um período ao que antecede a escolha do nome que partidos e representantes da aliança manifestem posições em relação ao tema. "Isso não significa que haja clima ''conflitivo''. Vamos chegar a uma solução", disse Serra. 

Fonte: GUSTAVO PORTO - Agência Estado

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