O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta
segunda-feira que o governo da Bolívia faz corpo mole. Segundo ele, a
alegada "cumplicidade" do governo daquele país com o tráfico de drogas é
só um fator do problema.
"São vários fatores. Nada contra o povo boliviano. É um país que tenho
muito carinho. Agora, que o governo lá faz corpo mole, faz", disse ele
durante sabatina da Folha.
O tucano também chamou de "absurdas" as cassações de dois aliados: os
ex-governadores Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, e Jackson Lago
(PDT), do Maranhão.
"É um absurdo. O Jackson foi cassado porque o governador o apoiava e ele
foi numa solenidade em que o governador disse não sei o quê."
Ambos podem ser impedidos de concorrer este ano pela Lei Ficha Limpa, o
que causa apreensão na campanha tucana. Segundo Serra, a lei não deve
ser usada contra os dois aliados.
"A lei teve como objetivo pegar malandro que rouba. Eles foram cassados,
já foram punidos. Agora, diante da interpretação do TSE [Tribunal
Superior Eleitoral], cada caso terá que ser julgado individualmente",
disse. "Presumo que a Justiça fará uma via rápida para resolver isso a
tempo. Se não, vai ser uma grande confusão no país."
Dossiê
Serra também falou sobre o suposto dossiê contra ele e tucanos. Segundo reportagem da Folha, os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, levantados pelo "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), saíram diretamente dos sistemas da Receita Federal, como atestam documentos aos quais a reportagem teve acesso.
"Por que a Receita vai quebrar o sigilo de alguém e fazer vazar isso à toa? Não é à toa", disse Serra. "Diante das evidências, caberia uma atitude mais dramática, de afastar as pessoas, pedir desculpas publicamente", afirmou ele sobre a reação que Dilma deveria ter em relação ao caso.
O jornalista responsável pelo pedido de levantamento de informações saiu da campanha petista, mas Dilma nunca foi a público dizer que houve falha de sua campanha. O presidente Lula chegou a dizer que o caso seria uma "armação".
PP
O candidato disse que não perdeu a esperança de atrair o PP para sua coligação. O partido flertou com Serra, mas agora indica que ficará neutro na disputa. "Ainda não acabaram as coisas, temos até o fim do mês. O PP tem alianças no Rio Grande do Sul, com o PSDB. O Brasil é heterogêneo, os partidos também são. Estamos trabalhando", disse Serra.
Perguntado sobre as chances matemáticas de fechar com o PP, o tucano arriscou uma metáfora futebolística, no estilo do presidente Lula: "Não sei qual é a chance, mas, se soubesse, não diria. Se numa partida de futebol o técnico diz: 'Acho que a chance do Kaká entrar pela esquerda e cruzar para o Elano é de 80%'. Isso não ocorre. Porque vão marcar o Kaká e o Elano."
Ele ainda evitou comentar sua participação como protagonista do programa do PSDB, na última quinta-feira. "A Justiça vai julgar."
Em seguida, atacou o PT e candidata Dilma. Segundo ele, está havendo "uso da máquina". "Por exemplo, falar de crack e no dia seguinte vir um programa contra o crack", disse, referindo-se ao episódio em que sua adversária levantou o problema da disseminação do vício e, em seguida, o governo federal lançou um plano nacional de enfrentamento da droga.
Serra ainda defendeu o fim da reeleição, mas disse que não transformará a ideia em "programa de governo".
CPMF
Questionado sobre a extinção da CPMF (Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira) e se ela voltaria num eventual governo tucano,
Serra se esquivou de responder.
"A CPMF, quando foi extinta, já não estava mais vinculada à saúde. Essa
história de que prejudicou a saúde é conversa. O dinheiro da saúde já
vinha escasseando, porque o governo deixou de mandar."
O tucano afirmou que só pode falar de criação ou extinção de imposto no
contexto de uma reforma tributária.
Fonte: Folha.com
Comentários
Postar um comentário