Candidato volta a atribuir à adversária fabricação de documento e cobra atitude mais categórica de Lula
O candidato do PSDB à Presidência da República, José
Serra, afirmou que a petista e sua adversária na disputa, Dilma
Rousseff, deveria ter pedido desculpas e afastado imediatamente os
assessores acusados de envolvimento na montagem de um suposto dossiê
contra o tucano.
Durante gravação do programa 'Roda Viva', da TV Cultura, neste
sábado, 19, ele novamente atribuiu a Dilma a fabricação do documento.
"Não sei se ela (Dilma) tinha (conhecimento), mas ela é responsável",
disse. O programa vai ao ar nesta segunda, 21, a partir das 22h.
Para Serra, o dossiê supostamente encomendado pela equipe da petista é
material "requentado". "Quem não gosta de ouvir fofoca", respondeu ao
ser questionado se os dossiês seriam um mal necessário nas campanhas. "O
PT tem divulgado isso há muito tempo em seus blogs", disse. "Quando se
fala em dossiê, é bom que se diga fajuto."
Ele negou que sua campanha use a mesma estratégia para atingir
adversários. Neste domingo, 20, no intervalo do jogo do Brasil com a
Costa do Marfim, que assistiu em uma quadra esportiva na zona leste,
Serra foi categórico ao cobrar do governo Lula investigação. "Tinha que
ter uma comissão de sindicância, é o mínimo que se espera", disse. Pouco
antes, Geraldo Alckmin, candidato tucano ao governo do Estado, já havia
apontado para o Planalto. "O governo federal precisa explicar como é
que o sigilo da Receita é quebrado. A sociedade brasileira espera
explicações."
Apesar de os petistas negarem a produção do dossiê, o PSDB insiste em
responsabilizar a candidata do PT pelo episódio. "A principal
responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff.
Disso eu não tenho dúvida, assim como o principal responsável pelo
dossiê dos aloprados foi o Aloizio Mercadante e como a principal
responsabilidade por dossiês em 2002 foi do Ricardo Berzoini", disse
Serra no primeiro comentário público sobre o episódio, no início do mês,
logo depois das denúncias publicadas pela revista Veja.
Na época, os tucanos decidiram que partiriam para o contra-ataque.
"Vamos para a "riga", disse o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que
também é coordenador da campanha de Serra.
Os tucanos tentam colar em Dilma a autoria do documento, relembrando o
caso do dossiê com gastos do cartão corporativo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher Ruth Cardoso. O documento, que
indicaria gastos pessoais irregulares na gestão FHC, teria sido
elaborado pela Casa Civil, quando Dilma era ministra.
Privatização
Na entrevista ao Roda Viva, Serra falou também sobre economia,
segurança e educação, além de ter defendido a união civil de
homossexuais, mas não o casamento, e se posicionado contra a
descriminalização da maconha.
Ao abordar a privatização, assunto sensível ao PSDB, o tucano
procurou mostrar em que pontos tentará marcar diferenças com as
políticas do governo Lula. Questionado se levaria para o resto do País a
política de privatização de estradas do Estado de São Paulo, demonstrou
considerar a possibilidade. "Mas uma coisa eu garanto: se for feito,
vai ser bem feito", afirmou.
O presidenciável defendeu o modelo para os aeroportos brasileiros e
criticou a concessão de empréstimos de bancos públicos para a fusão de
empresas privadas, que classificou como o "modelo de privatização" do
governo Lula.
Ao responder sobre as tarifas elevadas dos pedágios em São Paulo,
atacou os rivais. "Você está apenas retransmitindo o que diz a
oposição", respondeu Serra ao apresentador do programa. "Esse é o
trololó petista, que tem muito pouco a falar sobre São Paulo",
completou.
Economia
Serra procurou diminuir a responsabilidade do governo Lula no avanço
econômico do País. Para ele, a alta taxa de crescimento no primeiro
trimestre de 2010 é resultado da expansão reduzida dos últimos anos. "No
ano passado, crescemos 0%", lembrou o ex-governador, para quem há um
processo de 'desindustrialização' no Brasil.
Citou a indústria da celulose, setor em que, segundo ele, o país
exporta matéria-prima para importar o produto final. Indagado sobre de
quem é a culpa, disse: "É do atual governo. Mas muitos deles não sabem
disso. O presidente Lula não sabe. Ele vai levando", afirmou.
O presidenciável tucano também atacou o loteamento de cargos no
governo federal, comentou sobre a escolha do vice que vai compor a sua
chapa e ainda defendeu a ampliação da Lei de Responsabilidade Fiscal
para todos os níveis da administração federal.
Fonte: André Mascarenhas e Fausto
Macedo- Estadao.com.br
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