Presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), esteve nesta segunda, 28, em São Paulo para encontro com a cúpula democrata
Mesmo
diante da resistência de setores do DEM de acatar um vice tucano para
José Serra, o comando do PSDB quer insistir na tese da chapa
puro-sangue ao mesmo tempo em que busca blindar o candidato da crise
com o principal aliado.
Em São Paulo, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra
(PE), tinha encontro marcado na segunda-feira, 28, com a cúpula do DEM
para tentar reverter a crise, deflagrada desde que os tucanos definiram
o nome do senador Álvaro Dias (PR) para compor a chapa como vice de
Serra, na semana passada.
"Nós trabalharemos para confirmar
nosso candidato a vice. Isso é democrático e deve ser visto assim",
afirmou Guerra. "Considero natural que o DEM tenha um ponto de vista
diferente do nosso. Mas o que deve presidir o nosso roteiro é a
preocupação com a vitória de Serra."
Pelo lado do DEM, que
tem convenção marcada par a amanhã, o presidente da legenda, deputado
Rodrigo Maia (RJ), recebeu carta branca para negociar uma solução
política para a crise na aliança com o PSDB. Maia obteve aval até para
romper a coligação com o PSDB em torno de Serra se considerar
necessário. Apesar disso, dirigentes do partido reconhecem que seria
pouco vantajoso para as duas legendas uma ruptura política.
Mesmo
assim, o clima continuava tenso ontem. Maia rebateu uma declaração dada
ontem por Guerra de que a reação negativa do DEM à indicação de Álvaro
Dias para a vaga de vice poderia provocar a derrota de Serra. "Não é a
nossa reação que pode provocar a derrota, mas sim a ação do PSDB e do
candidato José Serra em fazer essa indicação. A origem do problema foi
causada por eles", alegou o deputado.
O DEM espera reverter a
indicação de Dias, mas poderá aceitar outro tipo de acordo se Serra
fizer gestos positivos e públicos na direção do partido, como, por
exemplo, pressionar o PSDB a ceder na montagem de palanques estaduais,
como são os casos de Sergipe e Pará.
Guerra defende o diálogo
entre os dois partidos para chegar a uma solução. "E fazer a escolha
sensata do ponto de vista político, administrativo e eleitoral. É sobre
isso que devemos conversar." Até o fechamento desta edição, o
presidente do PSDB ainda não havia se encontrado com integrantes do
DEM, que tinham uma reunião prevista na capital paulista na noite desta
segunda-feira, 28.
Blindagem. Enquanto Serra
opera nos bastidores, com telefonemas para a cúpula do DEM - e
articulações principalmente junto ao prefeito paulistano Gilberto
Kassab, maior aliado no partido -, a cúpula do PSDB foi a público dizer
que o presidenciável tem se mantido afastado das articulações. O
objetivo é evitar que a discussão com setores do DEM respingue ainda
mais em Serra.
"A perpetuação da discussão é um risco muito
forte para o equilíbrio das forças que representamos. Nossa campanha
precisa do DEM, assim como precisa do PSDB", ressaltou Guerra.
Na
avaliação do PSDB, o aliado tem sido contemplado nas amarrações
regionais. Os tucanos alegam que apoiam candidatos a governador do DEM
em quatro Estados: Bahia (Paulo Souto), Santa Catarina (Raimundo
Colombo), Rio Grande do Norte (Rosalba Ciarlini) e até em Sergipe (João
Alves), local onde o apoio local do PSDB ao DEM é mais frágil.
Os
líderes do partido passaram o dia de segunda tentando pôr panos quentes
na crise deflagrada, na sexta-feira, com a indicação de Dias. "O DEM
tem quadros extremamente importantes e significativos mas nenhum deles,
neste momento, amplia a votação que já temos nos Estados", argumentou o
deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), um dos interlocutores de Serra.
A
solução caseira teve como objetivo criar dificuldades para a
consolidação do palanque da candidata do PT, Dilma Rousseff, no Paraná.
Com a indicação de Dias, o senador Osmar Dias (PDT-PR), seu irmão,
abriria mão de disputar o governo paranaense, não dando palanque para
Dilma.
Fonte: Julia Duailibi, Marcelo de Moraes e Ana Paula Scinocca - O Estado de S.Paulo
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