Supostos dossiês contra Serra complicam ex-prefeito de BH, que será empurrado para cuidar só da própria candidatura
O afastamento do jornalista Luiz Lanzetta não será a única baixa no comando da campanha da pré-candidata petista Dilma Rousseff.
Considerado
um homem-problema não só por causa do episódio dos supostos dossiês
contra o tucano José Serra e a vinculação com Lanzetta, mas também
devido ao impasse na aliança com o PMDB mineiro, o ex-prefeito de Belo
Horizonte Fernando Pimentel será isolado do núcleo duro da campanha.
Com
isso, se fortalecem no comando o presidente do PT, José Eduardo Dutra,
e o deputado Antonio Palocci (SP), que desistiram de disputar a eleição
para ter exclusividade na coordenação.
A estratégia para afastar
Pimentel sem alarde é empurrá-lo para cuidar de sua candidatura ao
Senado ou, numa hipótese menos provável, ao governo de Minas.
Ontem,
o grupo do ex-prefeito insistia em lançá-lo como cabeça de chapa, o que
a cúpula do PT rejeita. A avaliação reservada entre os petistas é que o
braço direito de Dilma vai perder duplamente: seu posto na coordenação
da campanha presidencial e a candidatura ao Palácio Tiradentes.
Hoje,
a Executiva do PT deve desautorizar o PT mineiro e decidir pelo apoio a
Hélio Costa, do PMDB, tendo Pimentel apenas como candidato ao Senado.
Nos
bastidores, a direção do PT e o presidente Lula já não perdoavam
Pimentel pela aliança em 2008 com o então governador Aécio Neves
(PSDB), quando ele afiançou a candidatura de Marcio Lacerda (PSB) e,
assim, pôs a prefeitura de Belo Horizonte no colo da oposição. Agora, a
sua situação piorou muito por causa da crise do dossiê.
Até mesmo
aliados de Pimentel reconhecem que ele "foi trapalhão" na escolha de
Lanzetta, pois entregou a um amador o núcleo de inteligência da
campanha petista.
Outro erro teria sido a aproximação com o
empresário Benedito Oliveira Neto, proprietário da companhia de eventos
Dialog, investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e a
Controladoria Geral da União (CGU).
De acordo com aliados seus, o
afastamento de Pimentel do QG de Dilma vai ocorrer após as convenções
partidárias do PMDB e do PT, marcadas para o próximo fim de semana. A
campanha oficial começa dia 5 de julho.
— O Palocci já é muito
forte e vai ficar mais forte — admitiu o secretário nacional de
Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).
Amigo pessoal de
Dilma desde os tempos da militância nos grupos de luta armada, o
ex-prefeito conquistou a antipatia do grupo paulista da pré-campanha
petista. Principalmente do coordenador de comunicação, Rui Falcão, e de
Palocci.
Falcão — ao descobrir que Lanzetta estaria montando um
grupo de espionagem, inclusive do grupo paulista na campanha, e que a
operação teria tido o aval de Fernando Pimentel — teria cuidado de
vazar as informações sobre a montagem dos supostos dossiês para queimar
os dois integrantes do grupo mineiro internamente.
Mesmo com a
confusão dos supostos dossiês, Dilma Rousseff tem resistido ao
afastamento de Pimentel, apontado como o político mais próximo a ela
dentro da campanha. Mas, ainda assim, a situação dele é insustentável.
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