Faturamento de uma das principais empresas da família de Bené saltou de R$ 95 mil em 2004 para R$ 43,9 milhões no ano passado
A
trama para montar uma central de dossiês no comitê de Dilma Rousseff
trouxe à ribalta um personagem até então desconhecido que tem
transitado com desenvoltura entre os bastidores da campanha petista e a
máquina de contratos do governo federal.
Conhecido como Bené, o jovem empresário brasiliense Benedito
Rodrigues de Oliveira Neto, 34 anos, ficou rico no governo do PT e,
discretamente, tornou-se uma espécie de filantropo do comitê de Dilma.
Encarregado de cuidar das finanças e da logística da megaestrutura
montada em Brasília para servir à pré-campanha petista, o empresário
participou até das negociações com os arapongas contratados pelo comitê
para produzir dossiês contra adversários de Dilma.
O empresário chegou à campanha pelas mãos do núcleo mineiro do
comitê petista, capitaneado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando
Pimentel. Até semana passada, ele vinha trabalhando ao lado do
jornalista Luiz Lanzetta, afastado da campanha após aparecer como pivô
da estratégia de organizar um bureau de espionagem no comitê do PT.
Salto. A história de Benedito é um caso de sucesso
em negócios com o poder público. Desde 2004, as duas principais
empresas de sua família, a Dialog e a Gráfica Brasil, faturaram R$
214,4 milhões em contratos com o governo federal. Até então, o
faturamento da gráfica junto ao governo seguia a média das concorrentes
brasilienses. Naquele ano, a empresa fundada em 1974 pelo pai de Bené,
Romeu de Oliveira, recebeu do governo R$ 95 mil. A Dialog, àquela
altura, estava iniciando suas atividades.
De repente, a gráfica passou a abocanhar sucessivos contratos em 19
ministérios e na Presidência da República que, de lá para cá, somam R$
138 milhões. A novata Dialog, dois anos após abrir as portas, começou a
trilhar o caminho da coirmã e, desde então, já faturou R$ 76,3 milhões.
Para garantir contratos tão volumosos, as duas empresas têm
recorrido a um procedimento condenado pelo Tribunal de Contas da União
(TCU): primeiro elas apresentam propostas abaixo do valor de mercado e,
depois de vencida a disputa, se utilizam de uma brecha na lei de
licitações para obter contratos em outros órgãos sem necessidade de
nova licitação.
Bastidores. Na pré-campanha de Dilma, Bené foi o
responsável pela locação de pelo menos duas casas que abrigam a
estrutura petista. Até a casa onde Dilma mora, no Lago Sul de Brasília,
foi ele quem providenciou. Também foi Bené quem se encarregou de trazer
ao Brasil os americanos da Blue State Digital, uma das empresas que
cuidaram da campanha de Barack Obama na internet. Junto com Scott
Goodstein, a empresa vai atuar na campanha de Dilma.
Com fama de bom administrador, Benedito passou a gerenciar as
finanças do bunker montado pelo grupo de Lanzetta. Sempre que havia uma
nova despesa, ele era acionado. Organizava tudo em planilhas. Para
auxiliá-lo, Bené destacou um homem de sua confiança. Um posto avançado
do grupo chegou a ser montado num quarto do hotel Meliá, na região
central de Brasília.
O empresário participou pessoalmente de reuniões para tratar a
contratação de arapongas pelo comitê de Dilma. Em abril, esteve em
encontro no restaurante Fritz, em que emissários da campanha negociaram
a contratação do delegado aposentado da PF Onézimo Sousa e do ex-agente
do serviço secreto da Aeronáutica Idalberto Araújo.
Fonte: Rodrigo Rangel - O Estado de S.Paulo
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