Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel
O
presidente Lula rejeitou o exemplo de Hugo Chávez de perseguir mandatos
sucessivos e seguiu o modelo Álvaro Uribe que aceitou a ordem da
Suprema Corte de que um terceiro mandato era inconstitucional. Melhor:
nem esperou a Justiça. Mesmo assim, Lula corre risco de perder esse
ponto positivo em sua biografia política desrespeitando tão
abusivamente as leis eleitorais.
Lula se equivoca quando pensa
que a medida do sucesso do seu governo será a capacidade de eleger seu
sucessor. Isso nem sempre prova alguma coisa. Só o tempo decantará o
que há de marketing nessa avaliação positiva para traçar o retrato
definitivo que ficará do presidente na História. Ter feito o sucessor
não está entre requisitos do bom julgamento. Até Paulo Maluf elegeu seu
sucessor. Isso não fez diferença em sua desastrosa biografia política.
Lula
será avaliado no futuro pelo que fez ou deixou de fazer. No seu caso,
algumas coisas que deixou de fazer serão parte integrante da sua lista
de méritos. Seu programa continha promessas capazes de incinerar
avanços duramente conquistados nos anos anteriores, como a normalização
das relações com a comunidade financeira internacional, a
estabilização, a abertura comercial. Como já é História, ele não fez o
que prometeu — e que sugeriam vários dos economistas do seu grupo
político — e assim acertou.
Mas certamente pesará contra ele o
comportamento abusivo de uso da máquina governamental e o
descumprimento das leis eleitorais que ele tem praticado nos últimos
meses. É um desrespeito à Presidência e ao Judiciário que ele esteja
usando o governo, em suas várias instâncias, para afrontar a Justiça
Eleitoral e as normas desse período de campanha.
Em pleno comício
no ABC, dias atrás, Lula disse que ele tem que dar exemplo, por isso
não faria campanha, quando já estava fazendo o que negava fazer.
Prometeu voltar no segundo semestre para fazer campanha na porta de
fábrica. Se ele pudesse se despir da Presidência, poderia fazê-lo. Ou
até o mais básico, se ele pagasse os custos das suas viagens
político-eleitorais já seria um pouco melhor, mas quem paga para ele
desrespeitar a lei eleitoral são os contribuintes brasileiros.
Até
agora o país está vivendo uma situação em que o crime compensa. O TSE
dá suas sentenças e elas são ignoradas. No pior dos casos, o TSE
postergou tanto a pena para o PT que ela recairá em 2011, quando já não
fará mais diferença no atual pleito. O tribunal tem dado sinais de
perigosa flexibilização em algumas interpretações. Se o TSE não for
rigoroso, o que estará em jogo é a própria autoridade da Justiça
Eleitoral no país.
Além das suas viagens eleitoreiras, o país
viveu o abuso de pagar com recursos do contribuinte as viagens da
pré-candidata quando ela era ainda ministra, mas já fazia campanha.
Dizer que aqueles palanques que o Brasil viu, e o brasileiro pagou, não
eram comícios, é dizer que somos todos bobos. Casos como os dos dias
passados em visitas às obras do São Francisco, em que pouco se
fiscalizava e muito se posava e discursava para a campanha, ou o
extemporâneo e caro circo do lançamento do PAC-2 são fraturas expostas
nas regras do bom comportamento político.
Se a candidata do
presidente for eleita, isso não apagará o mal feito. Ficará o país
sabendo que Lula inaugurou a temporada do vale tudo no governo federal
quando o governante quer eleger o sucessor. Isso avacalha a democracia
que o país está construindo.
A conta parcial de alguns desses
eventos foi apresentada por requerimento do deputado Raul Jungmann
(PPS-PE): R$ 3 milhões. Quem paga campanha é partido — para isso tem
até dinheiro público distribuído às legendas — mas não pode ser com o
orçamento do Palácio do Planalto. É acintoso.
As declarações da
linha do "nunca antes" não vão impor realidades. Quando baixar a poeira
do marketing superlativo do atual presidente, o país registrará o bom e
o ruim do legado da era Lula.
Mesmo agora, adianta pouco falar que
desde Geisel nunca se investiu tanto em estradas, se elas estão
intransitáveis; que a Saúde está perto da perfeição, se há filas de
pacientes para cirurgias; relançar as notas do real para se vincular a
um plano ao qual se opôs; ampliar o gasto público para forçar um
crescimento econômico exuberante na reta final, se as estatísticas vão
mostrar que nos anos de boom mundial o Brasil cresceu menos que a média
dos outros países e dos vizinhos. Nada ficará da tese de que 2003 é a
data inaugural do Brasil, porque a História registrará o processo de
modernização que começou antes e continuará depois de Lula. Também não
servirá para a História sua tese de que foi vítima do mensalão. O
escândalo será visto como é: não uma conspiração contra ele, mas o pior
caso de corrupção da História do Brasil e ocorrido no coração do
governo Lula, com o concurso dos seus mais próximos colaboradores.
Seus
méritos serão mais bem dimensionados quando passar a temporada dos
autoelogios, aos quais Lula se entrega com ímpeto enquanto deprecia
outros governantes. Suas boas políticas serão valorizadas quando não
forem peças de palanques. Os avanços desses oito anos serão constatados
e calculados não pela capacidade de eleger quem quer que seja, mas pelo
balanço lúcido e informado que o tempo permitirá fazer.
Hoje, seu
afã de eleger, a qualquer custo, a candidata que escolheu só vai
malbaratar sua herança, vai fazer mal à democracia brasileira, vai
apequenar a Presidência e desrespeitar o papel institucional da Justiça
Eleitoral.
Eu penso que o Lula ficará para a história como um presidente mediocre que usa do marketing, da mentira, e do populismo para aproximar-se do povo. O Brasil ñ se tornou um país melhor com Lula. Não temos melhor educação,saúde, segurança,democracia (ao contrario), a corrupção segue, e ele ñ fez nada para resolver o problema do trafico de drogas com a Bolivia. Isto ñ deu tudo o que tinha que dar. É um tema fundamental para qq brasileiro, e Lula teve uma atitude pífia, senão de má fé. O Lula é só aparecia, se raspa ñ encotra nada, ao contrario. encontra-se um homem inescrupuloso e prepotente. Só este tipo de homem pode aliar-se a José Dirceu.
ResponderExcluirO pior é que, com os pífios investimentos na educação e a crescente "analfabetização" do povo brasileiro, provavelmente, a análise do ridículo governo do Lula somente vai ser lida pelos países mais evoluídos ou uma parcela ínfima da população brasileira.
ResponderExcluirMuito bom Míriam esse seu artigo "O LEGADO DO TEMPO". Parabéns.
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