Lanzetta, desligado anteontem da campanha, diz que falará 'no Congresso ou em praça pública' e dará detalhes de conversa com araponga e delegado
Pivô do primeiro escândalo da disputa presidencial deste ano, o
jornalista e consultor Luiz Lanzetta disse ontem estar à espera de uma
convocação para depor sobre encontro que teve com arapongas de
Brasília, alguns ex-agentes e servidores da Aeronáutica e da Polícia
Federal, especializados em produzir dossiês contra adversários
políticos de seus clientes.
Lanzetta, que trabalhava para a campanha à Presidência da
ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, se desligou anteontem do
comitê petista, após a divulgação do encontro com os espiões, há um mês
e meio.
Em entrevista ao Estado, o jornalista adiantou que pretende, ao
depor "no Congresso ou em praça pública", dar detalhes da conversa que
teve com o ex-agente do serviço secreto da Aeronáutica Idalberto Matias
de Araújo, o "sargento Dadá", e o delegado aposentado Onézimo Souza, no
restaurante Fritz, em Brasília, no dia 20 de abril.
O encontro foi divulgado pelo Estado no sábado. "Ele (Onézimo) falou
da estrutura do esquema de espionagem do Marcelo Itagiba", disse
Lanzetta, referindo-se ao deputado do PSDB do Rio, ligado ao
presidenciável José Serra. Itagiba também é delegado da Polícia
Federal.
"Ele falou que Itagiba tinha 100 dossiês contra a base aliada, não era apenas contra o PT."
Tucanos. Lanzetta disse que o "outro lado", isto é, o PSDB, é que
precisa dar explicações sobre o escândalo. "O problema está do outro
lado", reforçou.
"Eu falo em qualquer lugar, em praça pública, quero falar, quero que
me convoquem. Uso até PowerPoint", completou. O jornalista disse que
desafia Onézimo a dar sua versão do encontro. "Está muito claro que há
uma armação contra a gente."
Durante a entrevista, Lanzetta repetiu diversas vezes que não
aceitou a proposta de arapongas para comprar dossiês. Ele disse ter
recusado, ainda no restaurante, o serviço oferecido pelos espiões para
produzir material contra os adversários da base aliada. "A gente sabe,
tem memória", completou.
Reportagem publicada pelo Estado no sábado revelou que a proposta
para contratação dos serviços dos arapongas foi levada para o núcleo
central da campanha petista.
Sem defesa. O PT e o comando da campanha de Dilma não saíram em
defesa de Lanzetta. O coordenador da campanha, o ex-prefeito de Belo
Horizonte Fernando Pimentel, e o presidente do PT, José Eduardo Dutra,
se limitaram a dizer em entrevistas que qualquer responsabilidade era
da empresa do jornalista, a Lanza Comunicação.
A estratégia do petistas é isolar o escândalo no jornalista. Ao
mesmo tempo, o PT tenta abafar uma disputa interna envolvendo Pimentel
e o deputado Antonio Palocci Filho (SP). Pimentel foi o responsável em
levar Lanzetta para a campanha.
Anteontem, o PSDB anunciou que iria pedir a convocação de todos os
participantes da reunião para explicar o episódio. O deputado Gustavo
Fruet (PSDB-PR) disse que iria acionar a Comissão Mista de Controle das
Atividades de Inteligência do Congresso e também o Ministério Público
Federal.
Fonte: Leonencio Nossa - O Estado de S.Paulo
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