'A convenção é a porta de entrada da campanha, cabe ao candidato fazer esse chamamento', argumenta o presidente do PSDB
Desafiado
a recuperar a liderança nas pesquisas, o tucano José Serra lança sua
candidatura presidencial hoje, em Salvador, apresentando-se como o nome
capaz de gerar mais crescimento e emprego. Subirá ao palco da convenção
tucana ao som do novo jingle da campanha, Eu quero Serra: "Serra,
porque é correto e boa gente, Serra porque é o mais competente".
Ainda conduzindo nos bastidores a articulação para definir o nome de
seu vice, o ex-ministro da Saúde, ex-prefeito paulistano e
ex-governador de São Paulo entra pela segunda vez na corrida
sucessória, aos 68 anos, como o nome da oposição capaz de garantir as
conquistas do governo Luiz Inácio Lula da Silva e avançar, porque "o
Brasil pode mais".
No encontro dos partidos aliados de 10 de abril, em Brasília, Serra
apresentou seu ingresso informal na disputa pela Presidência da
República com um discurso apontando para os rumos que o País deveria
seguir. Citou temas que foram da segurança pública a políticas para
pessoas com deficiência.
Na convenção partidária que marca o início oficial da campanha –
pela Lei Eleitoral a disputa só começa após as convenções nacionais de
junho –, ele fará discurso mais político, conclamando os militantes à
batalha eleitoral.
Atitude. "A convenção é a porta de entrada da
campanha, cabe ao candidato fazer esse chamamento", declarou o
presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), coordenador da
campanha. "E a escolha da Bahia para sediar a convenção não é uma coisa
neutra. Ela envolve uma atitude", emenda o senador, confirmando que o
objetivo é "vincular Serra à Bahia colorida, nordestina, brasileira e
miscigenada".
Em sua fala, Serra vai adotar um tom intimista e coloquial, com foco
nas classes de renda mais baixa. Falará da infância humilde e da ação
pública, destacando a criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
para financiar o seguro-desemprego. A ênfase em programas sociais
capazes de fomentar o desenvolvimento pretende mostrar Serra como o
candidato com mais condições de fazer a economia crescer e aumentar a
distribuição de renda.
Para dar caráter abrangente à candidatura e falar mais diretamente
ao eleitorado do Nordeste, onde seu desempenho é mais frágil, os
tucanos contrataram artistas regionais e prepararam discursos em que a
palavra de ordem é Brasil. O Hino Nacional deverá ser entoado pelo
Coral do Bonfim e as atrações populares incluem um sanfoneiro de
Pernambuco e um repentista do Ceará para enfatizar o tom regional ao
encontro. A ideia é dar destaque à cultura regional. Bem diferente da
pré-convenção de abril, em que a apresentadora do encontro foi a modelo
gaúcha Ana Hickmann.
Vídeo. Em viagem a Madri, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso não irá ao encontro, mas a militância não ficará sem
uma mensagem do comandante de honra do PSDB. Antes de seguir para
Paris, onde vai comemorar o aniversário com a família, no dia 18, ele
deixou gravado um vídeo a ser exibido no evento.
O ex-presidente vai falar sobre a origem humilde de Serra para
salientar que, ele tem compromisso com o povo e com os mais pobres. A
mensagem será: "Serra pode avançar mais porque é o mais competente."
Na tentativa de garantir exposição para Serra – os tucanos acham que
mais tempo de TV o ajudará a se recuperar nas pesquisas de intenção de
voto –, também marcaram a convenção no sábado para garantir bom expaço
nos telejornais da noite. Apostam que a audiência será maior que a dos
programas dominicais. São esperadas 4 mil pessoas no Clube Espanhol,
local alugado para a convenção ao custo de R$ 600 mil.
Fonte: Christiane Samarco e Julia Duailibi / O Estado de S.Paulo
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