A pré-campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) remunera
jornalistas e técnicos por meio de notas fiscais frias, emitidas por
uma microempresa sem funcionários, cuja sede fica num apartamento
residencial, informa reportagem de Rubens Valente, publicada nesta sexta-feira pela Folha.
As notas são emitidas pela Cinco Soluções, aberta em 3 de março em nome
de Jeová Alves de Sousa Jr., 27, que disse trabalhar no meio
publicitário, em nome da Lanza Comunicação, do jornalista e consultor
Luiz Lanzetta. A Lanza é contratada pelo diretório nacional do PT, em
Brasília.
Sousa Jr. negou que sua empresa funcione como simples emissora de
notas fiscais. Disse que faz para a Lanza "revisão de textos
jornalísticos" e, para tanto, contrata colaboradores, cujos nomes
preferiu não revelar.
OUTRO LADO
A explicação de Sousa Jr. contradiz afirmações feitas pelo dono da
Lanza, Luiz Lanzetta. Por telefone, de Buenos Aires, disse que não
conhece a Cinco ou Jeová. "Quem é o cara? Não conheço, nunca ouvi
falar."
Ele confirmou que os funcionários que trabalham para a Lanza no Lago Sul não têm registro em carteira ou
contratos como autônomos.
contratos como autônomos.
"Não estou contratando ninguém em carteira [de trabalho]", disse,
por conta do "curto espaço" de tempo da pré-campanha, mas "tem que ter
uma formalização".
"Todo mundo que tem que receber, tem que formalizar a relação. Não pago ninguém sem nota", disse.
A "formalização" seria a apresentação de nota fiscal de pessoa jurídica. Contudo, afirmou, "só não pode ser uma nota fria".
Indagado sobre o que seria uma nota fria, respondeu: "Comprar nota
de empresa que não existe... Empresas que vendem notas, por aí".
Procurado, o diretório nacional do PT não respondeu às perguntas da Folha até a conclusão desta edição.
LANZA
O jornalista e consultor Luiz Lanzetta pediu semana passada o
desligamento da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) a presidente. A sua
empresa, a Lanza, era usada pelo PT para contratar a maioria dos
integrantes da equipe de comunicação dilmista.
Ele pediu o afastamento depois de ler uma entrevista do delegado
aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa à revista "Veja",
acusando-o de ter proposto a montagem de um esquema de espionagem
contra tucanos, Lanzetta oficializou sua saída enviando uma carta a
Helena Chagas, coordenadora da assessoria de imprensa de Dilma.
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