Conhecido
por suas apurações sigilosas, sargento da reserva Idalberto Matias de
Araújo aceitou missão proposta por petistas e indicou delegado para
ajudá-lo; trabalho custaria R$ 200 mil mensais
A articulação para montar uma central de dossiês a serviço da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República contou com a participação de arapongas ligados aos serviços secretos oficiais. Um deles é o sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, recém-saído do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica.
Conhecido personagem de apurações sigilosas em Brasília, o sargento
esteve, por exemplo, ao lado do delegado Protógenes Queiroz nas
investigações que deram origem à Operação Satiagraha, que levou o
banqueiro Daniel Dantas à prisão.
A participação de Idalberto de Araújo remonta às origens do plano de
inteligência petista. Em abril, após ter sido procurado por emissários
da campanha, o sargento disse que aceitaria o serviço, mas necessitaria
de apoio. Deixou claro que, para executar a missão proposta pela
campanha, seria preciso chamar mais gente.
O sargento, então, indicou um amigo de longa data, o delegado
aposentado da Polícia Federal Onésimo de Souza, dono de uma pequena
empresa de segurança instalada num conhecido centro comercial de
Brasília. As conversas avançaram.
Outros agentes, dentre eles um araponga aposentado do extinto
Serviço Nacional de Informações (SNI) e um militar que já serviu à
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chegaram a ser contatados
para integrar a equipe. O passo seguinte foi chegar a um valor para o
serviço.
É onde começa o contato direto entre o agente e um dos principais
profissionais da área de comunicação da campanha de Dilma, o jornalista
e consultor Luiz Lanzetta. Dono da Lanza Comunicação, empresa
contratada pelo PT para fazer a assessoria de imprensa da campanha,
Lanzetta marcou um encontro com o sargento e o ex-delegado.
A reunião ocorreu no restaurante Fritz, na Asa Sul de Brasília. A
dupla disse a Lanzetta que, pelo serviço, cobraria R$ 200 mil por mês.
O delegado justificou o preço com o argumento de que seria preciso
montar uma equipe de 12 pessoas para a missão.
Bunker. Lanzetta se encarregou de detalhar o
serviço de que precisava. A primeira tarefa seria interna, no bunker
que ele próprio montara no Lago Sul. Desconfiado de que seu trabalho
estaria sendo sabotado por gente do próprio PT, o consultor queria que
os arapongas descobrissem a origem do fogo amigo.
O pacote incluiria ainda investigações que pudessem dar à campanha
de Dilma munição para ser usada, em caso de necessidade, contra
adversários. O alvo preferencial era o candidato tucano José Serra.
A proposta para contratação dos serviços do araponga e do delegado
foi levada, então, para o núcleo central do comitê de Dilma. O assunto
chegou a ser discutido com o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando
Pimentel, coordenador da campanha. Num primeiro momento, Pimentel
avaliou que o preço estava alto demais. Disse que topava pagar, no
máximo, R$ 60 mil.
O grupo já estava discutindo estratégias de trabalho - um dos planos
era infiltrar um agente no núcleo de inteligência da campanha de José
Serra - quando começaram a vazar para a imprensa informações acerca de
supostos dossiês produzidos pelo bureau montado por Lanzetta na
fortaleza petista do Lago Sul.
Era o que faltava para os ânimos se acirrarem ainda mais no comitê.
O imbróglio realçou, no interior da campanha de Dilma, o conflito entre
dois grupos: o do mineiro Fernando Pimentel, responsável por levar
Lanzetta para o staff de Dilma, e o do ex-ministro Antonio Palocci.
Conspiração. Nos bastidores, Pimentel, alçado ao
comando da campanha por conta de sua velha amizade com Dilma, acusa
Palocci e o deputado paulista Rui Falcão, coordenador de comunicação do
comitê, de tramarem para derrubá-lo. Aliados de Pimentel afirmam que
foi Falcão quem deixou vazar informações sobre o dossiê, para
enfraquecer o ex-prefeito na cúpula da campanha.
Ao Estado, Pimentel negou que tenha sido procurado
pelo grupo de Lanzetta para tratar de contrato o araponga. "Se houve
isso, é iniciativa da empresa do Lanzetta, para resolver algum problema
relacionado à empresa dele", disse. "Nunca tratamos disso na
coordenação da campanha." Pimentel também negou desentendimento com
Falcão. "Mnão sei se tem esse negócio de grupos, o que sei é que sou
amigo fraterno do Rui há 40 anos."
Procurado pela reportagem, Idalberto não quis falar sobre o assunto.
"Não estou entendendo por que você está me ligando", disse ele, antes
de desligar o telefone. Lanzetta se negou a dar declarações, embora
tenha admitido o contato com o araponga e o ex-delegado. Onésimo de
Souza não foi localizado até o fechamento desta edição. A assessoria de
Dilma limitou-se a reproduzir declaração da pré-candidata petista,
segundo a qual não havia ninguém autorizado a negociar dossiês para a
campanha.
Fonte: Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
Blz, está publicado no olho aberto Paraná, com os devidos créditos .
ResponderExcluirhttp://olhoabertopr.blogspot.com/2010/06/caiu-por-terra-campanha-de-dilma-trouxe.html
Abraço
Cesar Minotto