Tasso
(Jereissati) é hoje o melhor vice para o Serra, é o nome mais sólido,
não só por ser do Ceará, no Nordeste, uma região onde o PT tem fortes
aliados, mas por falar o que pensa sem rodeios. É uma questão de
personalidade. Nós precisamos, no PSDB, de um vice que tenha, como o
Tasso, grande capacidade de comunicação. Ele complementa o Serra, os
dois são muito diferentes.
Foi o que afirmou, com bastante convicção, o mineiro Aécio Neves, em entrevista exclusiva a ÉPOCA em sua casa em Belo Horizonte.
Aécio
se diz “desempregado” pela primeira vez na vida, desde os 27 anos,
quando foi eleito pela primeira vez deputado federal, e acaba de chegar
ao Brasil de uma viagem romântica pela Toscana e Costa Amalfitana, na
Itália, com a namorada.
Em breve, com o ritmo acelerado da campanha eleitoral e a volta da
malhação, talvez fiquem no passado a serenidade e os (poucos) quilos
que o ex-governador de Minas Gerais ganhou nessa viagem sonhada há
tempos. Candidato ao Senado, empenhado em eleger seu candidato ao
governo de Minas, Aécio continua sob pressão do PSDB para dar mais
vitalidade à candidatura de José Serra à Presidência da República, num
momento em que Serra e Dilma Rousseff, do PT, estão empatados nas
pesquisas.
Ontem, o repórter de ÉPOCA Leopoldo Mateus
acompanhou Aécio em viagem de avião para Janaúba, no norte de Minas,
para inaugurar sob calor intenso o parque de exposições da cidade que
homenageou o pai do ex-governador, Aécio Ferreira Cunha.
Ouviu
os gritos de militantes no aeroporto: "Aécio, cadê você? Tava morrendo
de saudade". "Agora mais pra frente, Aécio presidente." "Aécio
guerreiro, orgulho dos mineiros." Moças disputavam fotos a seu lado.
À
noite, vestido de azul, recebeu a diretora da sucursal carioca de
ÉPOCA, Ruth de Aquino, e o repórter Leopoldo Mateus em seu apartamento
no Anchieta, bairro nobre da zona sul de Belo Horizonte, para uma longa
conversa.
Seguem alguns trechos:
ÉPOCA – Os caciques do PSDB sempre insistiram muito em uma chapa puro-sangue, especialmente tendo o sr como “o outro tucano”.
Aécio Neves
- E eu sempre falei que, se queriam puro-sangue, não daria para ser eu.
É só olhar para mim e ver que sou mestiço, olha a minha cor. Sempre
defendi que deveríamos ampliar a aliança ao máximo. Esta eleição está
se construindo com base em algo que me preocupava e continua me
preocupando, que é a tendência de um plebiscito: quem é contra ou a
favor do governo do residente Lula. Quanto mais ampla for a aliança,
mais poderemos fugir desse tipo de confronto que não interessa ao país.
Mais quatro anos de PT seriam uma perspectiva ruim para o país. Quero
muito ganhar esta eleição, junto com o Serra, com todo o meu empenho.
ÉPOCA – Por que o sr decidiu retirar sua candidatura em dezembro?
Aécio - Fui candidato até o fim do ano passado, quando ainda havia espaço para alianças maiores, com Ciro Gomes, por exemplo. Depois os partidos foram se definindo, como é natural. E, como o PSDB não quis fazer as prévias, e percebi que a maioria queria o Serra, que tem um potencial muito forte, e não pode ser negado, decidi sair da disputa. Para não ser acusado futuramente de dividir o partido, me retirei no momento que achei mais adequado. Jamais mudei minha posição.
Aécio - Fui candidato até o fim do ano passado, quando ainda havia espaço para alianças maiores, com Ciro Gomes, por exemplo. Depois os partidos foram se definindo, como é natural. E, como o PSDB não quis fazer as prévias, e percebi que a maioria queria o Serra, que tem um potencial muito forte, e não pode ser negado, decidi sair da disputa. Para não ser acusado futuramente de dividir o partido, me retirei no momento que achei mais adequado. Jamais mudei minha posição.
ÉPOCA – O
sr afirma que Serra é a melhor alternativa para o Brasil. Mas, num
certo momento, o sr achava que seu nome era o melhor para presidente.
Por quê?
Aécio - Eu achava que minha candidatura poderia significar alguma coisa nova. Não tinha convicção de que iria vencer as eleições. Mas achava que minha candidatura não tinha teto. Eu poderia surpreender, ultrapassar. Meu objetivo era construir aliança com setores como o PSB, o próprio Ciro, o PMDB. Eu poderia dividir o PMDB naquele momento. Claro que não poderíamos desprezar uma candidatura como do Serra, com 40% de intenção de voto. Mas sempre fui candidato a presidente e não a vice. E agora, sou candidato ao Senado.
Aécio - Eu achava que minha candidatura poderia significar alguma coisa nova. Não tinha convicção de que iria vencer as eleições. Mas achava que minha candidatura não tinha teto. Eu poderia surpreender, ultrapassar. Meu objetivo era construir aliança com setores como o PSB, o próprio Ciro, o PMDB. Eu poderia dividir o PMDB naquele momento. Claro que não poderíamos desprezar uma candidatura como do Serra, com 40% de intenção de voto. Mas sempre fui candidato a presidente e não a vice. E agora, sou candidato ao Senado.
ÉPOCA – O
sr já disse “não” várias vezes à ideia de ser vice. Por acaso não seria
também um pouco de receio de perder esta eleição junto com o Serra – e
também ser responsabilizado um pouco no fim?
Aécio - De jeito nenhum. Sei muito bem que essa campanha será muito dura e ninguém vai vencer de larga margem, como gostam de alardear alguns setores do PT. Dilma tem virtudes, caso contrário não chegaria aonde chegou, mas Serra tem mais preparo. As pessoas esquecem rápido, mas eu já não queria ser vice quando o Serra tinha uma vantagem de 20% sobre a Dilma.
Aécio - De jeito nenhum. Sei muito bem que essa campanha será muito dura e ninguém vai vencer de larga margem, como gostam de alardear alguns setores do PT. Dilma tem virtudes, caso contrário não chegaria aonde chegou, mas Serra tem mais preparo. As pessoas esquecem rápido, mas eu já não queria ser vice quando o Serra tinha uma vantagem de 20% sobre a Dilma.
Hoje, estou
convencido de que minha candidatura a vice criaria um fato político
momentâneo, e positivo, mas isso ia durar uns 15 dias. Agora vem a Copa
do Mundo, e ninguém fala mais em política. E, na próxima pesquisa,
veríamos que não mudou nada. A gente enfraqueceria nossa retaguarda em
Minas, onde sei que posso dar uma contribuição para o Serra, apoiando o
Anastasia (atual governador de MG). Tenho que estar vigilante em Minas,
viajando pelo estado. Para manter coesa nossa base, nossos prefeitos,
nossas lideranças políticas. Isso não aconteceria se eu saísse viajando
agora pelo Brasil. Claro que, se alguém me demonstrasse que minha
candidatura a vice seria bombástica, decisiva, aí sim poderia ser
diferente.
ÉPOCA – E agora não seria possível para o PSDB aumentar esta aliança na eleição presidencial?
Aécio
- A essa altura não mais. Temos que ficar com a aliança que está aí.
Além do DEM e do PPS com o PTB, não há mais o que fazer. Se você me
perguntasse em dezembro, ali sim era possível trazer mais gente,
aglutinar outras lideranças... o PP, o PDT. Esse tempo passou. Na
política, tudo tem seu tempo. Agora, nós temos que acreditar no
contraste das personalidades. No momento em que houver o enfrentamento
real entre o Serra e a Dilma...
ÉPOCA – O sr acha esse contraste tão evidente assim?
Aécio
- Quando digo isso, falo sobre o preparo, a experiência do Serra. É aí
que está a diferença. Claro que não se faz campanha sem tropeço, mas os
tropeços podem vir muito mais do lado de lá (da Dilma e do PT). O Serra
vai inspirar maior segurança nas pessoas. E esse negócio de
transferência de votos (do presidente Lula para Dilma) tem importância,
claro, mas o eleitor vota no candidato, a história já nos ensinou isso.
ÉPOCA – Se
a transferência de votos é limitada, sua presença em Minas também não
garante que seu candidato, Anastasia, vença a eleição para o governo
estadual.
Aécio
- É verdade...Não garante mas ajuda. Por enquanto, só 10% dos eleitores
sabem que ele é meu candidato. Ele não é o mais experiente, nem é uma
liderança política autônoma, consolidada, mas será um presente para
Minas. Precisa de ajuda mesmo.
ÉPOCA – Então,
esta não seria por si só uma razão suficiente para não aceitar ser vice
do Serra... De que forma Fernando Henrique Cardoso e outros tentaram
convencer o sr a compor a chapa com o Serra?
Aécio - Eles achavam que unir as duas principais forças do partido e os dois estados mais importantes seria um ganho. Mas as pesquisas demonstram que aumenta em apenas 5% em Minas Gerais o número de pessoas que condicionam o voto no Serra a minha participação na chapa.
Aécio - Eles achavam que unir as duas principais forças do partido e os dois estados mais importantes seria um ganho. Mas as pesquisas demonstram que aumenta em apenas 5% em Minas Gerais o número de pessoas que condicionam o voto no Serra a minha participação na chapa.
ÉPOCA – Há quem diga que o sr, como vice, ajudaria mais seu candidato em Minas do que como candidato ao Senado.
Aécio - Ruth, na vida e na política, você tem de ter convicções, senão não vai a lugar nenhum. Eu tenho as minhas mas se alguém me convencer, estou aberto. Só não dá para fazer isso assim, sob pressão. Não adianta empurrar. Porque empurrando eu não vou. Eu tenho uma responsabilidade muito grande com Minas. Fizemos uma transformação radical no estado, na cabeça das pessoas, nos servidores. Minas estava estagnada. Mas hoje é o estado que mais cresce no país. Vamos anunciar neste primeiro semestre R$ 50 bilhões de investimentos novos. São Paulo, com toda a pujança, vai anunciar R$ 37 bilhões. Nós estamos num momento muito virtuoso, empresas vindo, empregos vindo. O interior mais pobre se desenvolvendo, a educação melhorando, e eu tenho responsabilidade pela continuidade disso. Se voltar o mesmo time que derrotamos lá atrás, o PMDB antigo, tudo que nós fizemos aqui se perde, é muito fácil desconstruir.
Aécio - Ruth, na vida e na política, você tem de ter convicções, senão não vai a lugar nenhum. Eu tenho as minhas mas se alguém me convencer, estou aberto. Só não dá para fazer isso assim, sob pressão. Não adianta empurrar. Porque empurrando eu não vou. Eu tenho uma responsabilidade muito grande com Minas. Fizemos uma transformação radical no estado, na cabeça das pessoas, nos servidores. Minas estava estagnada. Mas hoje é o estado que mais cresce no país. Vamos anunciar neste primeiro semestre R$ 50 bilhões de investimentos novos. São Paulo, com toda a pujança, vai anunciar R$ 37 bilhões. Nós estamos num momento muito virtuoso, empresas vindo, empregos vindo. O interior mais pobre se desenvolvendo, a educação melhorando, e eu tenho responsabilidade pela continuidade disso. Se voltar o mesmo time que derrotamos lá atrás, o PMDB antigo, tudo que nós fizemos aqui se perde, é muito fácil desconstruir.
ÉPOCA – Mas o que é mais importante para o sr? O Anastasia vencer em Minas ou o Serra no Brasil?
Aécio - Os dois são muito importantes. Não coloco um na frente do outro. Não haverá ninguém no Brasil mais dedicado à vitória do Serra do que eu. Por uma razão. Acho importante para o Brasil encerrar este ciclo do PT na presidência. E minha forma de ajudar é dando a vitória ao Serra em Minas, embora eu saiba que tem gente que discorde de mim. Vou gravar os programas eleitorais, vou subir nos palanques, vou discutir com ele a estratégia da campanha, os grandes temas.
Aécio - Os dois são muito importantes. Não coloco um na frente do outro. Não haverá ninguém no Brasil mais dedicado à vitória do Serra do que eu. Por uma razão. Acho importante para o Brasil encerrar este ciclo do PT na presidência. E minha forma de ajudar é dando a vitória ao Serra em Minas, embora eu saiba que tem gente que discorde de mim. Vou gravar os programas eleitorais, vou subir nos palanques, vou discutir com ele a estratégia da campanha, os grandes temas.
ÉPOCA – Existe algum ressentimento seu com o Serra, por ele ter ignorado seus apelos por prévias no partido?
Aécio - Zero. Como eu posso ter rancor por alguém que estava buscando o mesmo que eu? A atitude do Serra foi legítima, não houve deslealdade. Ele estava apostando na força dele, nas pesquisas. As lideranças do partido foram nessa direção. Na política, a gente está desacostumado a acreditar no que o político diz. Quando eu comecei a conversar com PMDB, PSB, para criar uma aproximação desses partidos conosco, todo mundo achava que eu sairia do PSDB. Diziam que já estava tudo acertado. Muita gente achou que eu iria para a convenção, que eu ia rachar o partido. Mas eu jamais sairia de um partido com o qual eu tinha identidade. Olha, a vida foi muito generosa comigo. E estou de bem com a vida, sabendo que estou fazendo o melhor para o partido e para o Brasil.
Aécio - Zero. Como eu posso ter rancor por alguém que estava buscando o mesmo que eu? A atitude do Serra foi legítima, não houve deslealdade. Ele estava apostando na força dele, nas pesquisas. As lideranças do partido foram nessa direção. Na política, a gente está desacostumado a acreditar no que o político diz. Quando eu comecei a conversar com PMDB, PSB, para criar uma aproximação desses partidos conosco, todo mundo achava que eu sairia do PSDB. Diziam que já estava tudo acertado. Muita gente achou que eu iria para a convenção, que eu ia rachar o partido. Mas eu jamais sairia de um partido com o qual eu tinha identidade. Olha, a vida foi muito generosa comigo. E estou de bem com a vida, sabendo que estou fazendo o melhor para o partido e para o Brasil.
ÉPOCA – Quem seria o melhor vice para o Serra, hoje?
Aécio - Tasso (Jereissati) é hoje o nome mais sólido, não só por ser do Ceará, no Nordeste, uma região onde o PT tem fortes aliados, mas por falar o que pensa sem rodeios. É uma questão de personalidade. Precisamos de alguém que tenha, como o Tasso, grande capacidade de comunicação. Ele complementa o Serra, os dois são muito diferentes. Como o Serra não vai partir para o confronto direto com o Lula, mesmo que aumente o tom das críticas agora, eu gosto pessoalmente dessa alternativa do Tasso, que fala muito, parte para o embate e é ouvido pela imprensa.
Aécio - Tasso (Jereissati) é hoje o nome mais sólido, não só por ser do Ceará, no Nordeste, uma região onde o PT tem fortes aliados, mas por falar o que pensa sem rodeios. É uma questão de personalidade. Precisamos de alguém que tenha, como o Tasso, grande capacidade de comunicação. Ele complementa o Serra, os dois são muito diferentes. Como o Serra não vai partir para o confronto direto com o Lula, mesmo que aumente o tom das críticas agora, eu gosto pessoalmente dessa alternativa do Tasso, que fala muito, parte para o embate e é ouvido pela imprensa.
ÉPOCA – E fora do PSDB?
Aécio - Serra me disse, antes de eu viajar, que o nome do vice seria (o senador Francisco) Dornelles, mas a questão da emenda (do projeto Ficha Limpa, para o qual Dornelles sugeriu uma alteração polêmica que enfraquece o texto) atrapalhou um pouco. O Itamar (Franco) seria outro nome, por representar a bandeira da ética, mas há resistências.
Aécio - Serra me disse, antes de eu viajar, que o nome do vice seria (o senador Francisco) Dornelles, mas a questão da emenda (do projeto Ficha Limpa, para o qual Dornelles sugeriu uma alteração polêmica que enfraquece o texto) atrapalhou um pouco. O Itamar (Franco) seria outro nome, por representar a bandeira da ética, mas há resistências.
ÉPOCA – O sr mesmo assim continua a ser cortejado. Deve ser muito bom para o ego de um político.
Aécio - Eu me sinto honrado por ser lembrado...ou melhor, requisitado. Como disse, eu nunca estive convencido de que minha entrada na chapa com o Serra mudaria o panorama. Tive uma longa conversa com o Serra três meses atrás, com o Fernando Henrique e o Sérgio Guerra (presidente do PSDB), e fui muito claro. Estou com minha cabeça extremamente bem arrumada. Fiz o que tinha que fazer, com absoluta correção. Saí na hora em que estender minha candidatura não faria mais sentido.
Aécio - Eu me sinto honrado por ser lembrado...ou melhor, requisitado. Como disse, eu nunca estive convencido de que minha entrada na chapa com o Serra mudaria o panorama. Tive uma longa conversa com o Serra três meses atrás, com o Fernando Henrique e o Sérgio Guerra (presidente do PSDB), e fui muito claro. Estou com minha cabeça extremamente bem arrumada. Fiz o que tinha que fazer, com absoluta correção. Saí na hora em que estender minha candidatura não faria mais sentido.
ÉPOCA – E quem chama o sr de antipatriota por se recusar a ser vice do Serra?
Aécio - Eu acho patético. Deve ser alguém que gosta demais de mim, não? Sugiro que não se superestime minha força nem subestimem minhas convicções.
Aécio - Eu acho patético. Deve ser alguém que gosta demais de mim, não? Sugiro que não se superestime minha força nem subestimem minhas convicções.
Fonte: RUTH DE AQUINO - Época.com
A atitude do Aécio fica cada dia pior. Primeiro disse que ser ou ñ vice era uma decisão pessoal. Para um bom politico não existe decisão pessoal politicamente. Ele deve colocar acima o partido, não suas decisões pessoais. Agora quer passar o cargo ao Tasso, que ñ é mal candidato, mas Aécio pare de dar palpite e levantar o tema. O vice virá na hora certa na pessoa certa!
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