Tucana diz que candidatura de Alckmin ultrapassa questão partidária


Deputada do PSDB diz que povo está cansado de governos direcionados a partidos

Há 16 anos no poder em São Paulo, o PSDB aposta no ex-governador Geraldo Alckmin para se manter no comando do Estado por mais quatro. O tucano teve sua pré-candidatura ao governo lançada no último sábado (8) e tenta agora conter o clima de “já ganhou” no início da sua campanha - de acordo com a última pesquisa Datafolha, ele tem 53% das intenções de voto, contra 13% do pré-candidato do PT, Aloizio Mercadante.
A deputada estadual Maria Lúcia Amary, ex-líder do PSDB na Assembleia Legislativa, diz que Alckmin saberá como agir para não deixar a euforia prejudicar a campanha e que o longo tempo do PSDB no poder não vai deixar o tucano sem discurso.
Segundo ela, que promete fazer campanha por Alckmin pelo interior do Estado, o tucano tem a vantagem de sua campanha ser “apartidária” e alcançar apoiadores mesmo em partidos que não fazem parte da aliança original – formada, até agora, por PSDB, PMDB, DEM, PHS, PSC e PPS.

Veja entrevista completa do R7 com a deputada:

R7 - O Alckmin começa a disputa com boa vantagem de acordo com pesquisas eleitorais, há alguma orientação no partido para evitar o clima de já ganhou?
Maria Lúcia Amary - O clima é bastante animador, não só por causa das pesquisas, mas porque o Alckmin já foi governador por duas vezes e a militância vai com muito mais força para as ruas porque sabe que é uma candidatura que está bem alavancada. A gente vibra mais, fica mais animada. E o Alckmin é um homem extremamente cauteloso e tem uma postura bem humilde em relação a isso.

R7 – O fato de o PSDB já estar há 16 anos no poder em São Paulo prejudica o discurso de campanha do Alckmin? Como fazer novas promessas se já teve tanto tempo para resolver os problemas?
Maria Lúcia - Não, é extremamente positivo que as urnas até hoje tenham referendado a boa avaliação do governo de São Paulo. Isso sinaliza que o governo do PSDB está caminhando no rumo certo. E o governo do Serra trabalhou para todos os partidos, mostrou uma prática democrática, que não é sectário. O brasileiro, o povo paulista, está um pouco cansado de ver essa coisa direcionada.

R7- O Alckmin tem sua base eleitoral e é mais conhecido no interior do Estado. Como transformar essa popularidade em votos?
Maria Lúcia - Essa campanha deve confirmar o bom desempenho dos candidatos na nossa região, que é Sorocaba. Nessas caminhadas temos visto que a candidatura do Alckmin motiva prefeitos que nem são do nosso partido, mas estão voltados para essa candidatura. Vejo como uma candidatura que ultrapassa a questão partidária, que está alinhada com o que o povo espera de um estadista, de um governante. Eu vejo a população mais atenta a essa questão da amplitude do governo. O governo do PT, do presidente Lula, tem trabalhado muito para o partido e povo tem uma forte rejeição a esse tipo de postura política.

R7 - Onde a senhora acredita que o Alckmin possa encontrar dificuldades nessa campanha? Na região do ABC, por exemplo, berço do PT?
Maria Lúcia - Eu não tenho a informação das ultimas pesquisas por região, mas temos uma bancada [de deputados estaduais] muito forte em quase todas as regiões e acredito que essa configuração vai fazer uma diferença muito grande.

R7 - A Assembleia paulista foi criticada por aceitar passivamente o que o Serra determinava, como a senhora vê essas críticas e como evitá-las?
Maria Lúcia - Não concordo com essa alegação porque a grande maioria dos projetos que vieram do Executivo, não sei dizer exatamente quantos, tiveram contribuições na Assembleia, negociadas com a bancada da oposição. Particularmente, vejo que a independência dos poderes foi respeitada, trabalhamos em harmonia. Não vi submissão, a oposição teve seu espaço.

Fonte: Thiago Faria - R7

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