O
pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse que
não fez uma acusação a Bolívia sobre a questão do tráfico de drogas,
mas uma análise. Em entrevista no Rio de Janeiro hoje, Serra disse que
o governo boliviano é cúmplice dos traficantes que enviam, segundo ele,
cerca de 90% da cocaína produzida em seu país para ser consumida no
Brasil. De acordo com o tucano, é impossível que as autoridades da
Bolívia não saibam que esta quantidade de drogas atravessa as
fronteiras entre os dois países.
Após a entrevista à Rádio Globo, Serra reafirmou que autoridades do
país vizinho não agem como deveriam para conter o envio de drogas para
o Brasil e disse que há, pelo menos, corpo mole do governo boliviano.
Questionado se não temia provocar um incidente diplomático com o
governo de Evo Morales, o tucano disse que não. "A melhor coisa
diplomática é o governo da Bolívia passar a combater ativamente a
entrada de cocaína no Brasil. Não apenas o Brasil combater do nosso
lado, como o governo boliviano tratar de agitar também", afirmou Serra.
As afirmações foram feitas quando o pré-candidato defendia o maior
envolvimento do governo federal no combate à criminalidade e a criação
do Ministério da Segurança Pública. Serra explicou que poderá enviar um
proposta de emenda constitucional ao Congresso para garantir a maior
participação da União na questão. O tucano também fez críticas à Força
Nacional de Segurança Pública, que, segundo ele, não funciona.
O tucano ainda defendeu a manutenção do reajuste de 7,7% para
aposentados e pensionistas, como foi aprovado pelo Congresso Nacional.
Ele evitou comentar o debate sobre o fim do fator previdenciário, mas
ressaltou que respeitará a decisão do governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. O tucano ainda anunciou ser favorável a uma nova reforma
da previdência, pois, segundo ele, "os aposentados ficaram para trás".
PTB
O pré-candidato do PSDB ainda garantiu que o apoio do PTB a sua
coligação não vai interferir no seu modo de governar, caso seja eleito,
e que não promoverá loteamento de cargos na administração federal. O
novo aliado, que se une ao DEM e ao PPS na aliança liderada pelos
tucano, é presidido pelo deputado federal cassado Roberto Jefferson, um
dos pivôs do escândalo do mensalão.
Após o programa de rádio, Serra foi ao Catete, na zona sul, onde se
encontrou com dezenas de pessoas que passavam pela movimentada avenida
do bairro. Foi cumprimentado principalmente por idosos, que o
reconheciam como "criador dos genéricos". O tucano também ouviu gritos
de apoio às adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), e até
um xingamento de "vampiro". Serra pegou o metrô para um encontro com o
arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, na residência oficial do
religioso.
Fonte: ALFREDO JUNQUEIRA - Agência Estado
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